Muitas vezes a gente vê aquelas magníficas fotos em preto e branco que foram tiradas há um século ou menos e se esquece de que a vida era vivida com as mesmas cores vibrantes que nos cercam hoje. A gente vê essas fotos, ou aqueles filmes mudos dos primeiros anos do século XX, e acha que era tudo em tons de cinza (os 50 tons de cinza, na verdade, cobriram nossos olhos atualmente, isso sim).
Por isso acho o máximo quando artistas digitais superqualificados nessa arte conseguem nos apresentar essas mesmas fotos em cores, usando uma combinação de referências históricas e um talento natural para colorizar as cenas de forma tão próxima do natural. Embora muitos não gostem desse ato de “conspurcar” a pureza das imagens, eu acho que dá uma vida e uma aproximação àquelas situações que o preto em branco (embora profundamente artístico) carece.
As imagens abaixo exemplificam o que acabo de dizer:
1. Londres, 1945. Menino abandonado e seu bichinho de pelúcia.
O fotógrafo Tony Frissel conta como fez a foto: “Contaram-me que ele voltou para casa depois de ter ido brincar em outro lugar e, durante o bombardeio, se escondeu num túnel de metrô. Ao chegar em casa, viu aquela confusão e encontrou os pais e o irmão mortos debaixo dos escombros. Quando o vi, ele estava olhando para o céu, em seu rosto uma expressão que misturava confusão e desafio. Esse desafio me lembrou Winston Churchill, daí cliquei. Anos depois, essa foto foi usada pela IBM numa exposição em Londres e um motorista de caminhão passou por ali, viu a foto e se reconheceu nela. Era o menino…”
2. Foto tirada por artista desconhecido em 1864, no terraço da prefeitura em Nashville, Tennessee, durante a Guerra Civil americana.
3. Carro trombado, Washington, 1921.
4. Albert Einstein no verão de 1939 em Long Island, NY.
5. Lojinha do interior dos Estados Unidos, de 1939.
A foto é de Dorothea Lange. Nos anos 1930, a serviço da Farm Security Administration, ela percorreu vinte e dois estados do Sul e Oeste dos Estados Unidos, recolhendo imagens que documentavam o impacto da Grande Depressão na vida dos trabalhadores. Na foto abaixo, de 1936, Dorothea está documentando a vida dos operários na Califórnia.
Talvez sua foto mais conhecida tenha sido a da “Mãe Migrante”, de 1936, uma das fotos mais reproduzidas da história da fotografia, tendo aparecido em mais de dez mil publicações ao longo dos anos.
Florence Thompson foi o tema da fotografia Migrant Mother, acima, um ícone da Grande Depressão. Ela era colhedora de ervilhas nas plantações e estava desempregada, com sete filhos. A filha da senhora Thompson, Katherine, (à esquerda na imagem, escondendo o rosto) disse em uma entrevista de dezembro de 2008 que a fama da foto fez a família sentir vergonha de sua pobreza. Thompson foi hospitalizada e sua família apelou por ajuda financeira no final de agosto de 1983. Em setembro, a família havia coletado 25.000 dólares em doações para pagar a assistência médica. Florence morreu de problemas de câncer e coração em Scotts Valley, Califórnia, em 16 de setembro de 1983. Ela foi enterrada ao lado de seu marido George, em Lakewood Memorial Park, em Hughson, Califórnia, e em seu túmulo lê-se: FLORENCE LEONA THOMPSON Mãe Migrante – A Força da Maternidade americana.
6. 1933, Joseph Goebbels encarando o fotógrafo Alfred Eisenstaedt… Ele tinha acabado de descobrir que o fotógrafo era judeu!
7. Mark Twain, no jardim de sua casa, 1900.
Para quem não o conhece, Mark Twain (pseudônimo de Samuel L. Clemens) foi um dos maiores escritores americanos, autor de “Tom Sawyer” e “As Aventuras de Huckleberry Finn”, entre tantos outros. E ficou famoso também por suas palestras, onde soltava tiradas como esta: “O princípio da democracia é dar e receber; dar um e receber dez.”
8. Os três irmãos Kennedy na Casa Branca (da esquerda para a direita, Bob, Edward e John) na última foto dos três juntos, em outubro de 1963. Um mês mais tarde, John foi morto em Dallas, Texas.
9. Três prisioneiros sulistas. Foto tirada durante a Guerra Civil americana em Gettysburg, 1863.
10. O desastre do dirigível Hindenburg, em 1937. Ele pegou fogo quando realizava manobras para pouso em Lakehurst, New Jersey. Dos 97 passageiros e tripulantes a bordo, 62 foram resgatados, mas 35 morreram no acidente juntamente com um membro da tripulação do solo.
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