O primeiro desenho animado sonoro, o primeiro desenho com o sistema Technicolor, o primeiro longa-metragem animado e o primeiro programa de TV completamente colorido. Esses são alguns dos feitos do maior ganhador do Oscar de todos os tempos, Walter Elias Disney.
Mas nem tudo foram flores na vida do velho Walt. Ele e seu estúdio passaram por várias crises, e uma delas foi durante a Segunda Guerra Mundial. Praticamente falido depois de “Fantasia”, e enfrentando uma greve que paralisou metade de sua força de trabalho, Disney viu com bons olhos o contrato proposto pelo governo para produzir 32 curtas animados entre 1941-1945, a US$ 4,500 cada um, filmes tanto de treinamento para os soldados quanto para levantar a moral da população. Esse contrato gerou trabalho para os empregados e ajudou o estúdio a se recuperar. E o “esforço de guerra” também gerou outros produtos, como pôsteres e quadrinhos.
Um desses curtas foi “Education for Death – The Making of the Nazi” (1943), uma poderosa propaganda anti-nazista e com uma linguagem um pouco agressiva para os padrões Disney.
O curta conta a história de Hans, um garoto alemão, desde seu nascimento. É mostrado como Hans é influenciado na escola a pensar de acordo com a doutrina nazista. O filme possui diálogos em alemão, mas os fatos mais importantes são narrados em inglês.


Subitamente, Hans adoece e um oficial nazista vai até a casa de seus pais lembrar-lhes que pessoas doentes não são vistas com bons olhos pelo Estado nazista e que, caso Hans não melhore, será levado a um campo de concentração. No entanto, Hans se recupera e volta à escola. Lá, aprende o conceito darwinista de seleção natural das espécies de forma manipulada; os povos mais fracos merecem ser eliminados. Hans se junta à Juventude Hitlerista e participa da queima de livros cheio de orgulho. Em uma sequência de cenas carregadas de significação, a Bíblia Sagrada se transforma no Mein Kampf, o crucifixo numa espada cortada pela suástica e o vitral de uma igreja é brutalmente quebrado. A cena, assim como aquela da queima de livros, pode ser interpretada como a perda de valores morais tanto por parte da Alemanha quanto por parte de Hans. No final do filme, é mostrado como a vida de Hans daquele momento para frente se resumiu em marchar e saudar Hitler. Hans e seus companheiros marcham e saúdam Hitler desde a adolescência até se transformarem em túmulos de cemitério. E o narrador conclui que a educação dada na Alemanha nazista é a “educação para a morte”.



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