Adolf Hitler tentou desesperadamente impedir que algumas fotos “indignas”, segundo ele próprio, e que haviam sido publicadas num livro de propaganda no início das atividades do Partido Nazista, fossem divulgadas novamente.
Porém, como quase sempre acontece, as coisas nem sempre saem como a gente quer, e então…
Nos escombros de uma casa destruída pelas bombas em Berlim, um soldado britânico se abaixou para pegar um livro sem capa e meio rasgado. O livro havia sido danificado pela água, mas achando que aquilo seria uma boa lembrança para mostrar às pessoas quando voltasse para casa, o soldado guardou o livro em sua mochila de lona.
O ano era 1945 e Adolf Hitler havia cometido suicídio em seu bunker de Berlim, e seus sonhos de um Reich de 1.000 anos haviam sido destruídos tanto quanto as cidades da Alemanha, agora patrulhadas pelos soldados aliados.
Um deles era Alf Robinson, esse que pegou o livro rasgado e juntou-o com suas outras relíquias nazistas, uma baioneta e uma pistola Luger. Como o livro era escrito em alemão, ficou guardado e jamais lido na casa de sua família em Barnsley, Yorkshire, Inglaterra.


Agora, 70 anos mais tarde, ele está prestes a ser republicado e, traduzido em inglês, fornece uma perspectiva única sobre a propaganda nazista.
Destinado a jovens leitores, a publicação oficial do partido nazista seria encarada hoje mais como um “fanzine”, e faz Hitler parecer mais como uma imitação de um tirano. O livreto, chamado “Deutschland Erwache” (Alemanha Despertada) foi escrito na década de 1930 por Baldur von Schirach, um dos primeiros capangas de Hitler.
Ele escreveu: “Nós, que tivemos o privilégio de podermos trabalhar com ele, aprendemos a adorá-lo e amá-lo”. Descrevendo o ditador como sendo “honesto, firme e modesto” e exibindo ao mesmo tempo “força e bondade”, von Schirach disse que a grandeza de Hitler “e sua profunda humanidade são virtudes capazes de tirar o fôlego de quem dele se aproxima pela primeira vez”.
Entre as imagens mais cômicas do livro estão aquelas que mostra o grande líder de calças curtas, entre outras. Hitler decidiu mais tarde que tais fotografias eram profundamente indignas e humilhantes, e proibiu novas publicações.

Outras fotos mostram Hitler com sua equipe, com crianças e trabalhadores, e o autor escreve: “Como os olhos delas se iluminam quando o Führer está próximo!”.
O autor tinha 18 anos quando conheceu Hitler em Munique, em 1925, mas rapidamente escalou a hierarquia do partido por meio de sua liderança na associação de estudantes nazistas.
Em 1932 ele se casou com a filha do fotógrafo favorito de Hitler, Heinrich Hoffmann, e usou suas fotos na propaganda, que ele produziu como um jovem líder do Reich.
O serviço voluntário lhe valeu a Cruz de Ferro, mas, depois de dirigir a deportação de judeus de Viena, ele parece ter tido uma crise de consciência e passou a exigir melhor tratamento para os deportados. Depois que sua esposa também criticou as deportações, ele caiu em desgraça.
Von Schirach sobreviveu à guerra, mas em 1945 foi condenado em Nuremberg a 20 anos na prisão de Spandau, em Berlim. Ele morreu em 1974.


Seu livro ficou esquecido na casa da família Robinson por 70 anos, até que um sobrinho do velho soldado o mostrou a especialistas militares, e o livro foi parar numa editora que agora irá publicá-lo em inglês.
O editor conta que o livro “mostra exatamente como a máquina de propaganda nazista trabalhou nas jovens mentes impressionáveis. Todo mundo se pergunta como uma nação inteira pôde ser convencida por uma farsa tão terrível quanto o Partido Nacional-Socialista. Este documento cheio de bajulações nos dá uma ótima ideia de como mesmo uma pessoa extraordinariamente perversa pode ser transformada num santo por meio da propaganda”.
Fonte:
Daily Express
Deixe um comentário