A maioria dos brasileiros joga papel higiênico usado no lixo, algo que é encarado com surpresa por americanos ou europeus que vêm por aqui. É que, nesses países, quase todo mundo joga tudo no vaso sanitário, e morre de nojo de pensar em manusear o cesto com essas… Er… Lembranças por lá.
Evitar o descarte no vaso sanitário, no Brasil, é algo que está ligado a um motivo muito simples: pouco mais da metade das casas têm acesso à rede de esgoto. Em 2013, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), só 63,5% da população brasileira tinha esse benefício. No norte do país, então, a coisa é ainda pior: não chega a 20%…
Mas não pense que esse problema se resume aos lugares pobres. No litoral norte de São Paulo, aquelas belas casas têm fossas sépticas, tanques enterrados no quintal com substâncias que digerem os sólidos, permitindo um descarte mais seguro para o meio ambiente. Não há rede de esgoto, e se você lançar o papel higiênico, pode entupir essas fossas!
Mas o que diz a Sabesp, empresa de saneamento paulista, para aqueles cujas residências estão conectadas à rede? Pode ou não pode?
“O papel higiênico pode ser jogado no vaso sanitário quando não houver problemas com entupimento na rede interna, o que ocorre somente em redes domiciliares antigas e com traçado com muitas curvas. Em geral, em prédios, devido à maior pressão da água e os desníveis elevados, não há obstruções por este resíduo.”
E continua:
“Nos coletores tronco da rede pública (diâmetro superior a 300 mm) não há registro de casos de obstrução atribuível ao papel higiênico, que rapidamente se desagrega com o fluxo de água. Nesse caso, as obstruções estão associadas a resíduos como cabelos, fibras/pelos, fio dental, lixo plástico, preservativos, absorventes higiênicos, hastes flexíveis, aparelhos de barbear descartáveis, pontas de cigarro, brinquedos etc., que deveriam seguir para o lixo ou para reciclagem”.
Em resumo, jogar papel no vaso sanitário é mais higiênico, mas jogar só papel! E fazer isso apenas se tiver certeza da coleta de esgoto local, da qualidade do encanamento e da boa vazão de água na descarga…
Maaaassssss…
Há outro probleminha para nós, brasileiros, que não estamos acostumados a economizar água – e estamos sendo obrigados a viver sem ela por conta do desmatamento sem controle, da ocupação dos mananciais, da poluição dos rios e lagos e de um “etc” sem fim:
Quanto mais se aciona a descarga, mais água limpa é descartada, já que uma caixa acoplada ao vaso sanitário, por exemplo, gasta cerca de seis litros cada vez que o botão é apertado. Dispositivos mais antigos chegam a gastar até 12 litros a cada acionamento.
Um outro problema que as pessoas costumam ignorar é o impacto causado pelo papel em si. De acordo com o WWF (Fundo Mundial para a Natureza), o equivalente a quase 270 mil árvores é despejado em aterros sanitários a cada dia, e cerca de 10% desse total refere-se a papel higiênico.
Várias entidades e grandes fabricantes de papel higiênico vêm estudando possibilidades de uso de material reciclado no banheiro, mas isso ainda está distante do dia a dia. Há também quem defenda substituir o papel por um pouco de água e ar, algo que pode ser experimentado por quem viaja a Tóquio, no Japão.
Dureza, pessoal…
Pensar em todos esses aspectos – poluição ambiental, manuseio do lixo, falta de água, derrubada de árvores… – dá até prisão de ventre, não dá?
Deixe um comentário