Lana Turner e Johnny Stompanato

Hollywood tem cada história… e muitas delas são até mais interessantes do que os filmes que são produzidos por lá.

Veja só esta aqui, a história de um gângster que namorava uma atriz famosa e que se envolveu um dia com o James Bond… Ou quase isso. Vou explicar. Contextualizando:

O bandidão Johnny Stompanato era o guarda-costas de um chefão da Máfia americana, Mickey Cohen e, durante um tempo, foi amante de Lana Turner.

Ele era charmoso e atraía a mulherada, exatamente como os mafiosos dos filmes. E violento, também. Tanto com os inimigos do chefão quanto com suas amantes. Uma delas foi a famosíssima Lana Turner, que teve tantos sucessos no cinema quanto namorados e maridos (ela casou-se 8 vezes…).

O caso de Lana com o gângster começou em 1957, depois que ela cedeu após muita insistência de Johnny, que se apresentou com outro nome. Johnny já havia sido “acompanhante” de várias estrelas, e havia achado interessante investir nesse “filão”. Ele tinha muitos benefícios depois de prestar “favores” a elas: recebia presentes caros, tinha acesso à alta sociedade, conhecia celebridades…

Era o mundo que Stompanato sonhava, ele que havia lutado na Marinha durante a Segunda Guerra Mundial, vinha de origem humilde e, sabe-se lá como, conhecera Mickey Cohen, consolidando-se como braço direito, guarda-costas e matador de aluguel do chefão.

Johnny e seu chefe

Johnny acabou ficando obcecado por Lana Turner e quis conquistá-la a todo custo. Qual o motivo dessa obsessão? Ter um troféu para exibir, a mais famosa atriz de Hollywood então? Conseguir muito dinheiro e projeção nesse meio? Usá-la como degrau para chegar ainda mais alto? Não se sabe.

O fato é que ela acabou se encantando por ele.

“Ele era gentil, persuasivo, insistente. Quando soube quem era de verdade, já estávamos tendo um caso”.

Foi um amigo da atriz que confidenciou a ela que o namorado era ligado à Máfia. Lana o confrontou, exigindo a verdade, e depois que o amante confirmou tudo, ela decidiu terminar o relacionamento. Johnny apenas respondeu: “Lana, querida, tente se livrar de mim…”

Lana passou a sair com outros homens, mas os telefonemas e flores não paravam de chegar. Até que, um dia, Stompanato invadiu a mansão da atriz, prendeu-a na cama e assegurou que ela não se esquecesse dele. Assim, ela teve uma recaída, atraída pela “paixão excitante” do amante, porque, afinal, ele era o segredo sujo que ela mantinha e não tinha coragem de revelar.

Em 1958, Lana Turner foi escalada para rodar um filme em Londres, e encarou isso como uma oportunidade de esfriar esse romance. O filme era Vítima de uma Paixão (Another Time, Another Place) e seu coadjuvante era, nada mais, nada menos, que Sean Connery.

Lana e seu co-star, Sean Connery

O escocês, filho de um operário e uma faxineira, foi criado em Edinburgo em em um cômodo de um cortiço, com banheiro compartilhado e sem água quente. O futuro James Bond fez de tudo antes de tentar a vida como ator. Entregou leite, foi pedreiro, entrou na Marinha… e ganhou fama de durão quando seis integrantes de uma gangue tentaram roubar o casaco dele. No mano a mano, ele os impediu.

Antes do filme com Lana, ele havia feito pequenos papeis no teatro e pontas em filmes para a TV a partir de 1954. Só em 1957 ele ganhou o seu primeiro papel principal em “Blood Money”, uma versão da BBC de “Réquiem para um lutador”, no qual ele interpretava um boxeador cuja carreira estava em declínio.

Sean foi muito elogiado por sua interpretação em “Blood Money”

Foi por isso escolhido para contracenar com Lana Turner. O problema é que o namorado dela, o mafioso, reagiu mal aos rumores de um romance.

Stompanato não gostou da ideia de ver sua namorada contracenando com um grandalhão (1,88 m) escocês, e fez aquilo que lhe parecia coerente: voou para a Inglaterra armado e ameaçou o ator dentro do set de filmagem, em Hertfordshire. Não sem antes ligar para Turner e ameaçá-la.

Acontece que Connery era faixa preta em karatê e Stompanato não teve chance: seu braço foi torcido pelo futuro 007, que, enquanto neutralizava o risco do tiro, deu-lhe um soco no nariz que foi suficiente para acabar com a brincadeira ali mesmo. A partir daí, a história virou problema da Scotland Yard, que deportou um gângster humilhado.

De volta aos Estados Unidos, o casal continuou junto, mesmo a atriz sofrendo constantes agressões do amante, que a ameaçava de ter o rosto desfigurado se parasse de sustentá-lo.

E ele foi morto, nesse mesmo ano de 1958, com uma faca de cozinha por Cheryl Crane, (a então adolescente) filha de Lana Turner, que acusou Stompanato de atacar a mãe. Mesmo esse caso tendo sido um dos grandes escândalos de Hollywood, Cheryl enfatiza em sua autobiografia que tinha muito orgulho em ter matado Stompanato para defender a mãe. Cheryl foi absolvida pelo crime, pela alegação de legítima defesa.

Lana Turner, Stompanato e Cheryl.

O mafioso Mickey Cohen, tentando limpar a imagem de seu assecla, começou a divulgar informações de que Sean Connery tinha realmente um caso com Lana Turner, e que isso teria deixado seu pupilo desnorteado.

Sean Connery, inclusive, recebeu algumas ameaças da gangue, que o acusava de ser em parte responsável pela morte de Johnny Stompanato. Mas isso não durou muito, e o assunto foi logo esquecido pela Máfia.

Quatro anos depois desses eventos, Connery voou para a Jamaica em janeiro de 1962, para iniciar as filmagens de O Satânico Dr. No, o primeiro filme de James Bond e que mudou a vida daquele escocês que socou um gângster…


Fontes:

cinemascholars.com

caixadesucessos.com.br

collider.com

Wikipedia

jornalrelevo.com

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