Palavras que sumiram

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A língua portuguesa está em constante transformação

Pergunte à sua avó se ela sabe o que é “coworking”, “clonagem” ou “drone”. Pode ser que ela não tenha ideia, e resolva te “admoestar” por querer zombar dela.

Nossa língua, aliás, como acontece em todas as línguas vivas, está em constante mutação.

Não existem línguas vivas que não tenham mudado ao longo dos séculos, mas algumas, como o islandês, o árabe (na sua forma escrita e litúrgica), o hebraico e o tamil (idioma oficial do Sri Lanka e Cingapura), são consideradas conservadoras por terem mudado muito menos do que outras, e ainda são compreendidas em suas formas antigas por falantes modernos. 

A língua portuguesa falada no Brasil tem palavras que foram muito populares, mas depois caíram no esquecimento e foram substituídas por outras. “As palavras caem em desuso justamente porque não fazem mais sentido, não são mais funcionais dentro daquele momento histórico e cultural. As palavras são como uma fotografia da nossa sociedade, daquilo que está acontecendo agora”, afirma a Dra. Ana Maria Ribeiro, professora do Departamento de Língua Portuguesa da Ufes.

É o caso de “patota”, palavra usada para se referir a um grupo de amigos ou colegas e que era usada na TV, em gibis ou mesmo na roda de amigos. Ela foi sendo substituída por termos como “galera” ou “turma”.

“O processo de mudança linguística, como o que aconteceu com ‘você’, que em certo momento era ‘vossa mercê’, era mais longo e demorado. Porém, com a internet, novas palavras surgem e são rapidamente incorporadas ao vocabulário da sociedade”, comenta a professora.

Há palavras que a gente encontra em livros, estranhamos e podemos saber o significado no dicionário, mas dificilmente são usadas no nosso dia a dia. Como cada uma das novas gerações tem outros termos que usam com maior frequência, essas palavras mais antigas deixam de ter a mesma utilidade que tiveram antigamente.

  1. Admoestar: Repreender levemente.
  2. Alpendre: Varanda coberta.
  3. Asseado: Limpo, bem cuidado, arrumado.
  4. Balela: Mentira, boato, fake news.
  5. Botica: Farmácia antiga; atualmente, loja chique.
  6. Cacareco: Objeto velho, sem valor. “Vou levar meus cacarecos pra vender na feira”.
  7. Ceroulas: Cueca, roupa íntima masculina.
  8. Chapoletada: “ele merece uma chapoletada”. Tapão.
  9. Chumbrega: era uma coisa feia, de péssimo gosto, cafona, brega.
  10. Deveras: Verdadeiramente, realmente.
  11. Dondoca: Mulher rica, ociosa e fútil.
  12. Fuzarca: Bagunça, confusão, desordem. “As crianças fizeram uma tremenda fuzarca na sala de aula.”
  13. Gorar: Frustrar, não dar certo. “Meu fim de semana na praia gorou”.
  14. Lambisgoia: Mulher convencida, pretensiosa, seria a fubanga de hoje.
  15. Obséquio: Favor, gentileza, serviço prestado.
  16. Pachorra: Paciência, calma excessiva. “Só ele tem a pachorra de aturar tanta indisciplina.”
  17. Sacripanta: Patife, mau-caráter, desprezível.
  18. Safanão: Empurrão, puxão, sacudida. “Levou um safanão da tia”.
  19. Sirigaita: Mulher respondona, mal-educada.
  20. Supimpa: Excelente, ótimo, muito bom.
  21. Tabefe: Tapa, bofetada, sopapo.
  22. Vitrola: Aparelho antigo que reproduz discos de vinil.

No início do artigo, usei termos que a tecnologia inseriu em nosso vocabulário. Essa mesma tecnologia nos trouxe, num passado recente, outros termos que hoje são obsoletos, assim como aquelas tecnologias. Que evoluem do mesmo modo que a língua.

Lembra quando nos pediam para “passar um fax”, ou “rebobinar” uma fita do videocassete?

Pois é: as palavras, assim como as máquinas ou robôs, têm seu tempo de uso, sua glória e seu esquecimento. Mas, no fundo, continuam todas armazenadas na memória, prontas para serem revisitadas como quem encontra uma fita antiga no armário e descobre que, apesar do pó, ainda guarda uma boa história.


Fontes:

ipol.org.br

esbrasil.com.br

revistaforum.com.br

rondoniadinamica.com

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