A trégua de Natal e Paul McCartney

A 1ª Guerra Mundial (1914-1918) foi aquela que “inaugurou”, por assim dizer, os conflitos globais e foi uma das mais sangrentas da história.

Os avanços na tecnologia militar significaram na prática um poder de fogo defensivo mais poderoso que as capacidades ofensivas, tornando a guerra extremamente mortífera. O arame farpado era um constante obstáculo para os avanços da infantaria; a artilharia, muito mais letal que no século XIX, era armada com poderosas metralhadoras e canhões. Os alemães começaram a usar gás tóxico em 1915, e logo depois, ambos os lados usavam da mesma estratégia. Nenhum dos lados ganhou a guerra pelo uso dos gases venenosos, mas eles tornaram a vida nas trincheiras ainda mais miserável. Sem mencionar os aviões e os dirigíveis, usados pelos alemães como bombardeios  – mais baratos que aviões e com capacidade de carregar mais bombas, embora menos ágeis.

Ficheiro:Australian infantry small box respirators Ypres 1917.jpg

A alimentação era a base de carne, vegetais enlatados e biscoitos, as doenças muito comuns mas, ainda assim, no Natal de 1914, ambos os lados cessaram as hostilidades e saíram das trincheiras para se cumprimentar, numa trégua não-oficial e sem o consentimento do comando. Esse evento não se repetiu, porém, por conta do número elevado de baixas que aumentou os sentimentos de ódio dos soldados.

E também porque, depois, aqueles soldados foram repreendidos e castigados por seus superiores por “crime” de lesa-pátria…

A iniciativa dessa trégua foi das tropas alemãs, estacionadas frente às forças britânicas onde uma distância relativamente curta separava as trincheiras ao longo da “Terra de Ninguém”. Muitos soldados alemães tinham  – como era seu costume na véspera de Natal –  começado a montar árvores de Natal, adornadas com velas acesas – com a exceção que, desta vez, foram posicionadas ao longo das trincheiras do Fronte Oeste.

Inicialmente surpresos e, então, desconfiados, os observadores britânicos falaram da existência delas para os oficiais superiores. A ordem recebida foi que eles não deveriam atirar, mas, em vez disso, observar cuidadosamente as ações dos alemães. A seguir foram ouvidos cânticos de Natal, cantados em alemão. Os ingleses responderam, em alguns lugares, com seus próprios cânticos. Aqueles soldados alemães que falavam inglês então gritaram votos de Feliz Natal para “Tommy” (o nome popular dos alemães para o soldado britânico); saudações similares foram retribuídas da mesma maneira para “Fritz”.

Em algumas áreas, soldados alemães convidaram “Tommy” para avançar pela “Terra de Ninguém” e visitar os mesmos oponentes alemães que eles estavam tão empenhados em matar poucas horas antes. Edward Hulse, um tenente dos Scots Guards, com 25 anos de idade, escreveu no diário de guerra do seu batalhão: “Nós iniciamos conversações com os alemães, que estavam ansiosos para conseguir um armistício durante o Natal. Um batedor chamado F. Murker foi ao encontro de uma patrulha alemã e recebeu uma garrafa de uísque e alguns cigarros e uma mensagem foi enviada por ele, dizendo que se nós não atirássemos neles, eles não atirariam em nós”. Consequentemente, as armas daquele setor ficaram silenciosas aquela noite.

Mas onde o velho Macca entre nessa história?

É que Paul McCartney lançou em 1983 o álbum “Pipes Of Peace”. O tema da faixa-título foi inspirado pela leitura de um poema de autoria do indiano Rabindranath Tagore, vencedor do prêmio Nobel de Literatura em 1913. A frase “in love all of life’s contraditions dissolve and disappear” (No amor, todas as contradições da vida dissolvem-se e desaparecem) é o mote principal da canção pacifista do genial músico britânico.

Aproveitando a história do cessar-fogo de Natal de 1914, que tinha tudo a ver com o tema do álbum, Paul  aprovou o roteiro do videoclipe para ‘Pipes of Peace’.

O vídeo foi filmado em dois dias em Surrey, Inglaterra, e contou com cem figurantes e três equipes de filmagem. Paul desempenhou, simultaneamente, o papel dos oficiais alemão e inglês. O armistício, apesar de contado em poucos minutos, sintetiza muito bem o que ocorreu no Natal de 1914 em pleno conflito mundial e que, infelizmente, nunca mais se repetiu.

Se você nunca viu o clipe, ou quer recordá-lo, ele segue abaixo, com legendas em português para se acompanhar a letra.

 

(fontes: Wikipedia; http://beatlescollege.wordpress.comhttp://blogs.estadao.com.br)

 

 

 

Comments

Uma resposta para “A trégua de Natal e Paul McCartney”.

  1. Avatar de Descubra os maiores em 150 anos de futebol | O TRECO CERTO

    […] esporte; o que ocorreu na trégua de Natal da Primeira Guerra Mundial (essa trégua foi detalhada aqui) ou a grande tragédia de 1964. Mas vamos deixar essas histórias para um outro dia, num outro […]

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