TRADUÇÕES ERRADAS… mas nem tanto

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A vida de um tradutor de inglês profissional, como eu, não é muito fácil… Na maioria das vezes, a gente tem que fazer muitas adaptações para não incorrer em situações esdrúxulas, como a da imagem que abre este artigo.

Afinal, todo idioma é vivo e geralmente não se pode traduzir literalmente um termo. E quando se fala em um título, isso é ainda mais sério. Seja título de um livro, ou de um filme, porque ele é o primeiro contato da pessoa com aquela obra. Se você traduz errado, ou literalmente, vai acabar gerando problemas, e um deles seria o desinteresse por ela.

Além da questão da tradução ao pé da letra de um título, que muitas vezes pode deixar a obra sem sentido ou sem apelo para o português, há também as expressões que, em outro idioma, não ficam com o mesmo peso ou significado.

Para exemplificar a dificuldade de uma adaptação, escolhi alguns títulos de filmes famosos, mostrando o original, sua tradução literal e qual foi a opção criativa dos tradutores.

A tradução exata seria O padrinho, expressão que representa cuidado de alguém com outra pessoa, como ocorre no Brasil, com os batizados. Veja que a opção de mudar o nome em português foi boa, porque o original não teria o mesmo impacto.

Veja que a decisão de não usar a tradução exata não prejudicou a ideia do filme. O menino foi esquecido numa viagem e teve que se virar sozinho com os ladrões. O título em português ficou até mais impactante.

Note que a opção dos tradutores ficou muito mais divertida, porque o filme se passa na despedida de solteiro de um dos protagonistas. A Ressaca tem tudo a ver, claro, mas não brinca com a ideia de casamento.

Eu não duvido que a escolha em português deve ter dado muito trabalho. Foi uma tradução muito próxima, meio que dá um spoiler sobre o filme, enquanto que a tradução original seria Mandíbulas. Mas, na minha opinião, a tradução original não tem a mesma força. O que você acha?

Os jovens de hoje não sabem o que foi a “febre das discotecas” na década de 1970. Na época, era comum todos ficarem no escuro ouvindo música alta, dançando e bebendo. E nenhum outro filme resume o que foi esse movimento quanto ‘Os Embalos de Sábado à Noite’. A escolha por “embalos” fazia sentido porque o termo estava na moda.

Acho que esses exemplos traduzem de forma perfeita a essência da obra, e conseguem ficar até superiores aos títulos originais.

Por outro lado, como sabemos, existem também aquelas traduções que ficam ruins de doer. Umas tentando fazer graça com algum trocadilho, outras tentando explicar demais o filme inteiro só pelo título e ainda algumas que não fazem qualquer sentido.

Acho que vou preparar um artigo nessa linha, que tal?

2 respostas para “TRADUÇÕES ERRADAS… mas nem tanto”.

  1. Avatar de Lincon da Silva
    Lincon da Silva

    Concordo. As adaptações exemplificadas, nos títulos, ficaram melhores. E como amostras de casos “ruins”, relembro os insistentes títulos “A hora do…” e “… do barulho”, onde se podia completar as reticências com qualquer coisa. Esses filmes nem sempre encontravam cinemas corajosos e iam, quase todos, direto para o VHS.

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  2. Avatar de Julio

    Olá, Lincoln, muito bem lembrado, os casos dos “A hora do…” e “… do barulho”! Eu tinha me esquecido desses, talvez inconscientemente eh eh eh… Estava pensando mais na linha de Annie Hall (Noivo Neurótico, Noiva Nervosa), escolha terrível. Ou Killing Me Softly (Matando-me Lentamente), esse um filme romântico até recente com o Joseph Fiennes, que foi traduzido como “Mata-me de Prazer“, digno de filminho pornográfico de terceira categoria que deve ter afastado muita gente do cinema, imaginando outro gênero de filme…

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