Os Nomes das Comidas

Sempre fiquei imaginando de onde veio a ideia pra dar nome a algumas coisas… por exemplo, fronha… ou cônjuge… “escreva o nome do cônjuge”… de onde saiu isso, cônjuge? Como as pessoas têm a criatividade para criar os nomes de modelos de carros? Nos Estados Unidos, em 1971, a Ford lançou o Ford Pinto! É mole? (sem piadas, por favor…). E o que dizer da montadora chinesa que trouxe pra cá a picape Chana?

Daí fiquei pensando no nome de comidas… Pé de Moleque… como surgiu esse?  Baião de Dois… a inspiração veio do baião? Essa dança tem a ver com o prato?

Então, minha fome por descobertas me levou a fazer uma pesquisa e descobri informações bem interessantes! Vamos lá…

Pé de Moleque

A cantora lírica Bidu Sayão, que viveu de 1904 a 1999, contava que, no começo do século XX, havia muitas baianas que vendiam doces em tabuleiros, no Rio de Janeiro. Os meninos gostavam especialmente desse doce de amendoim, mas como não tinham dinheiro para comprar, furtavam das baianas e elas ralhavam com eles para não roubarem. Diziam para pedir, em vez de roubar:
— Pede, moleque! Pede, moleque!

Acarajé

O acarajé é apontado como a principal comida típica da Bahia. Ele é um bolinho frito no azeite de dendê, feito com feijão fradinho, sal, alho, gengibre, cebola e recheado com camarão. Se te perguntarem se você prefere “quente ou frio”, na verdade a pergunta se refere ao nível de pimenta. Quanto mais “quente”, mais apimentado será o seu acarajé.

O nome acarajé vem da língua africana iorubáakará significa bola de fogo e  significa comer. Sendo assim, o significado da palavra é… “comer bola de fogo”.

Baião de dois

O baião de dois é um prato feito de arroz, feijão, carne seca e queijo coalho, uma boa mistura da comida brasileira. Há quem diga que a origem do nome vem dança típica nordestina, o baião. A dança, por sua vez, deriva de uma forma de lundu, chamada “baiano“.

Seja como for, o prato baião de dois ganhou popularidade com a música “Baião de Dois”, uma parceria do compositor cearense Humberto Teixeira com o pernambucano Luiz Gonzaga, o rei do baião! A música foi gravada em 1947 e um trecho da letra diz:

Abdom que moda é essa
Deixe a trempe e a “cuié”
Home não vai na cozinha
Que é lugá’ só de mulhé’
Vô’ juntá’ feijão de corda
Numa panela de arroz
Abdom vai já pra sala
Que hoje têm baião de dois

A origem a remete aos tempos das grandes dificuldades do povo nordestino com as secas, quando a comida era escassa e nada podia se estragar ou desperdiçar. Dessa forma, o povo juntou as sobras da cozinha, arroz e feijão com o pouco que tinha de carne seca e queijo de coalho, surgindo assim esse delicioso prato da cozinha nordestina.

Brigadeiro

A história de sucesso do brigadeiro começou no Rio de Janeiro há mais de 70 anos. E não foi nenhuma vovozinha que enrolou o primeiro docinho para festa de aniversário do neto, não. Por mais estranho que possa parecer, tudo começou por causa de uma campanha política.

Em dezembro de 1945, o Rio de Janeiro era a capital federal. Senhoras elegantes desfilavam de chapéu. Francisco Alves e Aracy de Almeida eram as estrelas do rádio – não existia televisão… A Segunda Guerra Mundial tinha acabado e os pracinhas estavam de volta. O Brasil vivia um processo de redemocratização com eleições presidenciais. O candidato da União Democrática Nacional (UDN) era o brigadeiro Eduardo Gomes.

Os comitês de senhoras da sociedade que apoiavam a campanha do brigadeiro promoviam reuniões requintadas: chás da tarde, com doces variados e outras guloseimas. Dona Heloisa Nabuco de Oliveira, doceira de mão cheia, certa vez apareceu com uma novidade: um docinho preparado com leite condensado e chocolate. Quem lembra é a filha dela.

“Quando aconteceu um dos chás que ela ia, mamãe levou esse doce e deu o nome de brigadeiro, para homenageá-lo. E daí foi esse sucesso que a gente não entendeu. E foi uma surpresa, porque ela fazia doces muito mais elaborados, mas foi esse que estourou”, conta Ida Nabuco de Oliveira.

O brigadeiro, candidato, perdeu a eleição. Quem ganhou mesmo foi o brigadeiro, o doce, que conquistou o Brasil inteiro.

Bolinho de chuva

receita do bolinho de chuva veio de Portugal e se popularizou no Brasil da maneira que conhecemos somente no século XIX. Antes dessa época, o trigo era uma iguaria cara, chamada de “farinha do reino”, então muitas receitas faziam a substituição por farinha de mandioca ou cará.

A composição e textura também é muito semelhante a outro doce português: o sonho. Foi também chamado de bolinho das negras, porque era preparado pelas escravas. As sinhás, como eram chamadas as senhoras, adoraram e começaram com o costume de servi-los nos chás da tarde.

Diz a lenda que, em uma tarde do século XX, alguém os chamou de bolinho de chuva. As crianças precisavam sair dos quintais e ambientes abertos para se proteger da chuva e eram os bolinhos que as colocavam dentro de casa e as mantinham ocupadas.

Paçoca

A paçoca antigamente tinha carne e servia de refeição para os tropeiros, que levavam até 20 dias para chegar aos destinos e precisavam de uma refeição que fosse preparada rapidamente.

Com o passar dos anos ela foi aperfeiçoada e recebeu outros ingredientes. Hoje em dia ela é preparada à base de amendoim, farinha de mandioca e açúcar.

O nome “paçoca” vem do termo indígena PA-SOKA, que quer dizer “esmagar com as mãos”, referindo-se ao modo antigo de preparo, onde a carne e a farinha eram socadas em um pilão.

Bauru

O prato é uma criação de Casimiro Pinto Neto, natural da cidade de Bauru, interior de São Paulo, de onde veio o nome. O lanche é simples: conta com pão, presunto, queijo e tomate, mas é uma das comidas brasileiras mais famosas.

Arroz Carreteiro

Representando a região Sul do País, temos o arroz carreteiro, típico do Rio Grande do Sul.

O prato surgiu quando os carreteiros (transportadores de cargas) que viajavam em carretas puxadas por bois cozinhavam, em uma panela de ferro, a mistura de arroz com guisado de carne de sol. Por ser uma receita prática, era facilmente preparada por um viajante solitário.

A carne de sol, também conhecida como charque, era a melhor alternativa de proteína para os transportadores de carga, pois se mantinha conservada mesmo sem refrigeração, sendo ideal para alimentação durante as viagens.

Bem-casado

O bem-casado tem mais 100 anos e, desde sua invenção, adocica os casamentos com leveza e o típico sabor do doce de leite. Mas, diferente do que muitos podem imaginar, esse doce não teve origem no Brasil, teve origem na Europa, mais especificamente em Portugal, e foi trazido ao Brasilna época da colonização.

O bem-casado descende indiretamente do alfajor árabe e é visualmente muito parecido com os macarons, que são os bolinhos franceses recheados. Ainda que sejam muito parecidos, cada cultura o personaliza ao seu estilo. Na terra lusitana, esse doce é chamado “casadinho”, já no Brasil, o bem-casado é uma lembrancinha de casamento e é feito com massa simples de pão de ló e recheio de doce de leite. Como o nome já deixa claro, o bem-casado é o símbolo da união.

Olho de Sogra

Antigamente, o nome era olho de cobra e não tinha ameixa por cima do doce. Coitada das sogras, não é? Mas o real motivo da mudança para olho de sogra não é sabido.

Ainda assim, existem diferentes versões sobre a origem do nome:

1) Como o doce era feito sem ameixa na parte amarela do ovo, levava a entender que não tinha pupila. O que isso tem a ver com a sogra? É que nos tempos do Brasil colonial, a sogra ficava vigiando a filha com o namorado e não se sabia para onde ela estava olhando, como se não tivesse pupila…

2) Uma segunda versão conta que uma sogra estava ensinando a nora a fazer um beijinho e, de propósito, errou a receita, colocando ameixa ao doce de coco. A nora o decorou com pedaços de ameixa por cima, e contou que o docinho tinha sido feito pelo “olho de minha sogra”.

Cachorro-quente

A humanidade come salsicha (palavra que vem do latim salsus: “salgado”) há mais de 3 000 anos: sua criação é creditada aos babilônios, que já vinham recheando tripas com carne moída.

A origem do nome pode ser atribuída aos alemães e americanos. Em meados de 1850, os alemães começaram a produzir novos tipos de salsicha. Um cozinheiro na cidade alemã de Frankfurt possuía um cão bassê, dachshund em alemão, e a salsicha feita por ele ficou conhecida por esse nome.

Charles Feltman, um imigrante alemão, levou a novidade para os Estados Unidos, por volta de 1880, e lá criou um sanduíche quente feito com pão, salsicha e molhos. O sucesso foi tal, que Feltman abriu seu próprio restaurante.

Mas foi nos estádios de futebol americano que o sanduíche se popularizou. Conta-se que, durante um jogo, em 1906, um vendedor gritava nas arquibancadas: “Get your hot dachshund” (Pegue seu dachshund quente). O cartunista Tad Dorgan, presente ao estádio, não perdeu a chance de ilustrar a cena para o jornal onde trabalhava. Porém, como não entendia a palavra dachshund, escreveu na legenda: “Get your hot dogs” (Pegue seus cachorros-quentes).

E o nome pegou.

E TUDO ACABA EM PIZZA!

Pizza

A palavra “pizza” vem do latim picea, que remete ao alimento torrado pelo fogo. E, ao contrário do que muita gente pensa, a famosa massa de pizza não foi inventada na Itália.

Como assim? Pois é, algumas teorias dizem que a origem da pizza é grega. Gregos e egípcios costumavam misturar farinha e água para fazer uma espécie de pão achatado, e o cobriam com azeite e outras especiarias.

No século 11, o pão turco foi levado ao porto italiano de Nápoles. Lá, os napolitanos se apaixonaram por aquele pão e o acabaram aperfeiçoando, adicionando tomate e orégano à massa, que normalmente era dobrada e degustada como uma espécie de sanduíche.

Ou seja, a pizza que conhecemos hoje, foi sim, inventada na Itália.  


E antes de ir, gostaria de sugerir que faça uma visita ao nosso podcast no Spotify, e depois nos diga o que achou.


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