Um desafio que me ajudou a entender como podemos evitar um desastre ainda maior

Minha amiga Clene Salles nos propôs um desafio, a mim e a ela: viver uma semana sem plástico.
Isso veio por conta da iniciativa Plastic Free July, em português Julho Sem Plástico, da Plastic Free Foundation que influencia as pessoas a agirem de maneira efetiva para diminuir o consumo de plásticos. A iniciativa, que começou há dez anos, hoje já coleciona diversos prêmios pelo mundo. No ano de 2020, 326 milhões de pessoas, em mais de 170 países, aceitaram o desafio de, durante o mês de julho, recusar e não consumir plásticos que são utilizados somente uma vez – os chamados plásticos degradáveis.
A ideia é mudar nosso comportamento aos poucos, escolhendo recusar um produto por vez. Essa pequena ação pode despertar a nossa atenção para o consumo de plástico. Uma vez despertos, aos poucos vamos nos conscientizando e percebendo quais plásticos não são essenciais e podem deixar, sem muitos esforços, de fazer parte do nosso dia a dia.

Abrindo um parênteses, o plástico é um derivado do petróleo, e o petróleo e o gás não vieram do “pum” de um dinossauro… O petróleo é um combustível fóssil, originado provavelmente de restos de vida aquática animal acumulados no fundo de oceanos primitivos e cobertos por sedimentos.

Portanto, quanto mais plástico, mais precisamos de petróleo…
Fechando o parênteses… o que é preciso ter em mente é que o plástico NÃO É o grande vilão do meio-ambiente. Sem ele, a gente não teria cartões de crédito (para algumas pessoas, até que seria bom, rsrsrs…), brinquedos, talheres, tubulações… uma infinidade de produtos. Sem ele, todos esses produtos seriam mais caros para produzir, já que o plástico é até mais barato que o papel, por exemplo.
Veja o caso dos automóveis: tem plástico nas grades, no painel, nos retrovisores, nos para-choques, frisos, calotas… e é uma forma de tornar os veículos mais leves, aumentar a vida útil porque não enferruja, ajuda a garantir a diminuição do consumo de combustível e emissão de poluentes.
O GRANDE VILÃO não é o plástico, SOMOS NÓS. E você vai entender o porquê.

Somos os vilões por causa do descarte irregular do plástico degradável, aquele mesmo das garrafas PET que a gente joga no chão, a chuva leva pros rios e de lá vai pro mar.

Sabia que a garrafinha que vai pro mar pode demorar até 400 anos pra se degradar? E ela não vai desaparecer totalmente, ela vai se decompor em micropartículas de plástico que se misturam ao plâncton (o alimento dos peixes)… O peixe come as micropartículas junto com seu alimento, a gente come esse peixe e essas micropartículas entram em nosso organismo. Já se detectou essa coisa no sangue de seres humanos…
Mais um dado assustador sobre o descarte irregular do plástico: já existem ilhas de plástico boiando nos oceanos, uma delas no Oceano Pacífico, entre a Califórnia e o Havaí! Alguns chamam até de um sétimo continente! De tão grande que é, ela está com 3 vezes o tamanho da França, ou 3 vezes o tamanho da Bahia!
E como estamos aqui no Brasil? Nada melhor… infelizmente…
- O Brasil produz 11 milhões de toneladas de lixo plástico por ano.
- Cada brasileiro produz quase 2 kg de lixo plástico por semana.
- Mais de 2 milhões de toneladas de plástico são descartadas de forma irregular.
- Mais de 7 milhões de toneladas ficam em aterros sanitários.
- Mais de 1 milhão de toneladas não é recolhida no país.

Nem é preciso detalhar todo o mal que isso causa ao meio-ambiente, à vida das aves, dos animais, dos peixes… e dos seres humanos.
O desafio de viver uma semana sem plástico foi complicado. Há plástico por todo o lado: na escova de dentes, na tampa do vaso sanitário, nas embalagens do xampu, no suporte do filtro de café… nas embalagens dos alimentos… no saco onde a gente separa o lixo que não pode ser mais reutilizado do lixo que pode ser reaproveitado… saco que é de plástico!
E se a gente não se conscientizar, tudo isso vai fazer parte das montanhas de lixo nos aterros e se juntar às ilhas de lixo plástico boiando nos oceanos!

Mas há algumas coisas simples que a gente pode fazer para ajudar a não agravar o problema, como nos mostrou o programa Julho sem Plástico.
Primeiro, substituir sempre que possível alguns dos itens em casa. Existem tampas de vaso sanitário de madeira, suporte de filtro de café de vidro, escovas de dente de bambu, utensílios de cozinha de madeira, xampu e condicionador em barra, cestos de metal, copos de bambu e muitos outros itens sustentáveis.








Há mais algumas atitudes que nós, cidadãos, podemos tomar além de cobrar das empresas e dos governos que assumam a sua parcela de responsabilidade na preservação do meio-ambiente:
- Contribuir para a divulgação do problema e conscientizar as pessoas que vivem ao nosso redor.
- Aplicar os 5R´s (Reduzir, Reciclar, Reutilizar, Recuperar e Reintegrar).
- Apoiar as organizações que trabalham para erradicar o plástico.
- Alertar as autoridades sempre que ficarmos sabendo de infrações relacionadas com a gestão dos resíduos plásticos.
- Utilizar os produtos o máximo possível e quando chegarem ao ‘fim de sua vida útil’, reutilizá-los.
- Fazer escolhas mais sustentáveis sempre que puder, como por exemplo, as que citei mais acima
- Lutar por mais locais de descarte para reciclagem.

Conclusão: é muito difícil a gente viver sem plástico, mas pequenas ações de cada um podem ajudar a evitar que o problema do descarte irregular se torne insolúvel.
Porque o cuidado com o Planeta, a diminuição de lixo plástico, está além de questões políticas, religiosas ou crenças – é uma questão de senso de humanidade para com a vida como um todo.
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