Inventores e cientistas que morreram por suas criações
Alguns inventores, cientistas e pesquisadores tiveram mortes causadas, direta ou indiretamente, por suas próprias descobertas
O mundo das descobertas científicas e tecnológicas pode ser muito ingrato. Como se não bastassem as brigas por patentes e disputa de egos, cientistas, pesquisadores e inventores também enfrentam os perigos oferecidos pelo desconhecido. Principalmente quando ele está prestes a se tornar o primeiro em algum experimento extraordinário. E não foram poucos os que perderam suas vidas em nome da ciência e progresso da tecnologia.
Franz Reichelt, o alfaiate voador
(Wikimedia Commons)
Nascido em Viena (1879), Franz Reichelt era alfaiate, inventor e um entusiasta da aviação. Um dos pioneiros do paraquedas moderno, o austríaco desenvolveu seus protótipos em forma de asa, usando a seda como material principal. O problema do protótipo era seu tamanho: pesava 70 kg e era feito com 6 metros de tecido. Mesmo assim, os testes feitos com bonecos se mostraram promissores o suficiente para encorajarem o inventor a saltar da Torre Eiffel em 1912. Na época, o símbolo máximo da França ainda era a estrutura mais alta do mundo. A imprensa e alta sociedade parisiense estavam presentes no dia que Reichelt saltou pela primeira, e última vez, com seu projeto de paraquedas, do primeiro pavimento da Torre Eiffel até o chão. A invenção falhou e seu inventor despencou de uma altura de 60 metros.
Otto Lilienthal, pioneiro em voos de planador
(Otto Lilienthal Musem)
O alemão Otto Lilienthal ficou conhecido como “o pai do voo planado”. Engenheiro mecânico, em 1867 Herr Lilienthal publicou um importante estudo sobre o voo dos pássaros, considerado uma das obras mais importantes da aviação. Segundo informações do Museu Otto Lilienthal, foi em 1891 que, depois de vários protótipos, o alemão chegou ao modelo Derwitzer Glider, o primeiro a carregar uma pessoa. Alguns anos depois, Herr Lilienthal desenvolveu aquele que seria o seu carrasco, o planador “Normal Glider”. Ao decolar e planar com ele no dia 9 de agosto de 1896, o alemão caiu de uma altura de 17 metros do chão, quebrando a coluna. Herr Lilienthal morreu no dia seguinte. Reza a lenda que suas últimas palavras, como bom germânico, foram: “Opfer müssen gebracht werden” que, em português, significam “Sacríficios precisam ser feitos”.
Thomas Andrews, o projetista do Titanic
(Wikimedia Commons)
O irlandês Thomas Andrews foi um projetista naval, responsável pelo projeto de um dos maiores navios de passageiros do início do século passado: o Titanic. Andrews começou a trabalhar no estaleiro Harland & Wolff, que construiu o transatlântico, ainda aos 16 anos. Na fatídica noite do dia 14 de abril de 1912, Andrews estava em sua cabine no momento da colisão do navio com o iceberg. Mas, só percebeu que algo estava errado quando o Capitão Smith, que comandava o Titanic, enviou uma mensagem pedindo que fosse até a cabine. Depois de vistoriar os danos, foi o próprio Andrews que deu a notícia de que o Titanic naufragaria por completo em poucas horas. Logo em seguida, o engenheiro circulou pelo navio auxiliando passageiros a entrarem nos botes e a vestirem seus coletes salva-vidas. Ele foi visto pela última vez olhando para uma pintura pendurada na primeira classe do Titanic, sem colete.
Louis Slotin, um dos criadores da bomba atômica
(Manhattan Project Heritage Preservation Association, Inc. – MPHPA)
O cientista canadense Louis Slotin é mais um a integrar aqueles cujas mortes foram causadas pelas próprias descobertas. Durante a Segunda Guerra Mundial, Slotin foi um dos físicos que participou do Manhattan Project – o projeto do governo americano, Canadá e Reino Unido para a fabricação da bomba atômica. Um ano depois do fim da guerra, Slotin continuou sua pesquisa no laboratório do governo em Los Alamos (Estados Unidos). E foi lá que, em 21 de maio de 1946, o físico começou, por acidente, um processo de fissão nuclear ao realizar um experimento. Tal processo libera grandes volumes de energia e é tipicamente usado em usinas nucleares e, claro, bombas atômicas. As doses letais de radiação que irradiaram em Slotin acabaram por matá-lo nove dias depois do acidente.
Marie Curie, a primeira dama da ciência
(Hulton Archive/Getty Images)
Outra cientista que está na lista é a polonesa Maria Sklodowska, mais conhecida como Marie Curie. Ela era casada com o físico Pierre Curie, com quem realizou importantes estudos no campo da radioatividade. Em 1903, Marie, seu marido e outro físico, Antoine Henri Bequerrel, foram agraciados com o Prêmio Nobel de Física, justamente pela pesquisa que descobriu a radioatividade em sais de urânio e contribuições científicas para este campo. Anos mais tarde, em 1911, Marie ganhou a honraria mais uma vez, porém por suas descobertas no campo da química, nas quais identificou dois novos elementos, o rádio e polônio. Ela se tornou a primeira pessoa da história a receber o prêmio duas vezes. Em 1934, Madame Curie veio a falecer de leucemia, provavelmente causada pela exposição contínua à radiação durante toda a sua vida.
Thomas Midgley Jr, inimigo nº1 dos ambientalistas
(Wikimedia Commons)
Um dos americanos mais polêmicos de todos os tempos, Thomas Midgley Jr. é o responsável pelo desenvolvimento do composto clororfluorcarbono, mais conhecidos como CFC, ou ainda, gás freon. O composto é um dos maiores vilões na destruição da camada de ozônio e seu uso é atualmente proibido em vários países. * Mas ele não morreu necessariamente de tanto inalar CFC. Mas sim por conta de outra invenção, muito mais modesta. Midgley contraiu poliomielite nos anos 40 e a doença o deixou severamente incapacitado. Para conseguir levantar da cama, ele inventou um mecanismo feito com cordas e roldanas. Um dia, ao tentar se movimentar com o aparelho, Midgley se enforcou acidentalmente com as cordas e morreu asfixiado por causa de sua invenção…
* O ozônio é um gás incolor que forma uma fina camada na atmosfera e absorve componentes nocivos da luz solar, conhecidos como raios “ultravioleta B” ou “UV-B”. Ele protege os seres humanos dos riscos de desenvolver câncer de pele ou catarata, entre outras doenças, e impede mutações nocivas em animais e plantas.
Nos anos 1980, cientistas descobriram que a produção humana de gases CFC tinha causado um buraco enorme na camada de ozônio, colocando em risco a vida no planeta. A abertura, encontrada acima do Polo Sul, acendeu um alerta global e se tornou o maior ícone da luta pela preservação ambiental.
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