Mulheres e Cerveja, uma história que vem de longe

Não pense que só os barbudos com cara de lenhador apreciam a cerveja. Mulheres e cervejas têm uma relação que vem de milênios!

Cerveja é coisa de mulher há mais de 10.000 anos!

Pois foram elas que fizeram as primeiras cervejas, segundo achados arqueológicos importantes. E um dos mais antigos registros encontrados é o chamado Hino à Ninkasi, um poema dedicado à deusa suméria… da cerveja!

Representação moderna de Ninkasi.

Era mais do que um poema, na verdade era uma receita, explicando como fermentar uma espécie de sopa que foi uma das bases da alimentação dos sumérios, usando grãos, frutos, mel e tâmaras. Segundo a crença, era Ninkasi quem preparava esse alimento tão importante, para eles, quanto o pão.

O Código de Hamurabi, conjunto de leis escritas por volta de 1772 a.C. pelos babilônios, indicava que as mulheres eram donas das tavernas e vendiam as cervejas que elas mesmas produziam.

Os babilônios também reconheciam o papel das mulheres no preparo da bebida.   Os hieróglifos dessa época descrevem as mulheres fazendo cerveja e bebendo-as através de uma espécie de canudo. Essas cervejeiras desenvolveram esses objetos para atravessar a camada de “espuma” formada na fermentação, e que flutuava no topo das tinas de barro.

O nome da bebida veio dos gregos

Ceres era a deusa da agricultura e dos grãos e, por conta disso, da cerveja. É de seu nome que surgiu a palavra cerveja, que vem do grego Ceres Visia, ou seja, “Aos olhos de Ceres”.

Para os gregos, a bebida alcoólica era um fenômeno divino, pois não se sabia como ocorria a fermentação. Por isso era usada como uma ponte entre o mundo dos homens e o mundo dos deuses.

Os egípcios também também reservavam às mulheres o papel de fazer a cerveja.  Mas, com o aumento das “fábricas” no país – talvez por conta do aumento de consumo… – elas foram substituídas pelos homens e colocadas em outras funções.

As cervejeiras no mundo antigo

As mulheres germânicas fabricavam cervejas nas florestas, para escapar dos invasores romanos, assim como o faziam mulheres por toda a Europa antiga.

Não haviam mulheres cervejeiras apenas na Europa, porém. Os povos nativos da África, da América do Norte ou dos Andes da América do Sul também permitiam que as mulheres fossem as fabricantes da bebida, usando o que tivessem à mão: flores, cactos, sementes, o que quer que fermentasse e resultasse em bebida alcoólica.

Até a Revolução Industrial, as mulheres europeias alimentavam seus maridos e crianças com cervejas de baixo teor alcoólico e ricas em nutrientes, como suas ancestrais faziam quando não tinham o pão.

A cerveja e as bruxas

Algumas cervejeiras mais… digamos… empoderadas produziam mais do que suas famílias precisavam e vendiam o excedente. Acontece que, pelas leis de então, isso não era permitido e os homens passaram a tomar conta da produção e venda.

Os homens construíram cervejarias e formaram redes de comércio internacional.  E, na medida em que a Idade das Trevas abriu caminho ao Renascimento, as cervejeiras perderam sua relevância e muitas mulheres foram até processadas como bruxas!

Claro, não se pode provar que exista uma conexão entre as cervejeiras e as ilustrações que se usavam para “promover” a caça às bruxas. Mas as imagens dos caldeirões fumegantes,  vassouras (que eram penduradas fora da porta para indicar que havia cerveja), gatos (para perseguir e afastar ratos dos grãos) e chapéus pontudos (para serem vistos acima da multidão no mercado) permanecem até hoje.

Por volta de 1700, as mulheres já tinham quase que interrompido totalmente a fabricação de suas cervejas, e sua associação à bebida foi sendo gradualmente dissipada.

Foi então que se cristalizou a imagem de que “cerveja é coisa pra homem“.

Desde a metade do século XVIII, não se permitiu mais mulheres produzindo a bebida nas cervejarias e somente em meados dos anos 1960 que elas foram aceitas novamente na produção – embora continuassem a consumir a bebida ou a produzi-la em escala doméstica em diversas regiões do planeta.

Hoje em dia…

As pressões de várias camadas da sociedade estão conseguindo, lentamente, diminuir a objetificação da mulher na propaganda das cervejas. Além disso, mulheres estão ocupando muitas posições de relevância na indústria.

Nada mais natural que elas mostrem aos barbudos e às cervejarias que esse espaço é delas desde o começo…

 

Fontes: G1, Wikipedia, thebeerplanet.com.br

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