Se traçarmos uma linha do tempo das supermodelos, antes de Gisele Bundchen, Cindy Crawford, Claudia Schiffer e Naomi Campbell, na década de 90, e Jean Shrimpton, Twiggy e Veruschka, nos anos 60, chegaremos à americana Audrey Munson, no início do século passado.
Audrey Munson (1891-1996) pode não ser um nome popular, mas certamente quase todos que visitaram Nova York já passaram por sua imagem pelo menos uma vez. Ela é o segundo maior monumento feminino da cidade (depois da Estátua da Liberdade), no topo do Municipal Building. Também está no centro de uma fonte em frente ao Hotel Plaza – com suas famosas covinhas na lombar à mostra – e no arco da Manhattan Bridge, entre dezenas de obras para as quais Audrey posou como modelo.

Embora não gostasse de admitir, era dançarina da Broadway, quando foi descoberta pelo fotógrafo Felix Benedict Herzog, que lhe abriu caminho no mundo das artes. Acostumada a se despir para os artistas, Audrey foi a primeira mulher a aparecer sem roupa em um filme americano, Inspiration (1915). “Se existe imoralidade em ficar nua, qualquer um que tomar banho pode ser preso”, dizia a modelo. Sua defesa da nudez e sua aversão a corsets e saltos altos fizeram dela uma das primeiras vozes feministas.

Sua vida pessoal não foi menos movimentada. Um dos vários adoradores da modelo assassinou a própria mulher para se casar com Audrey. Ele foi sentenciado à cadeira elétrica, mas se suicidou antes – ela negou qualquer envolvimento com ele.
A modelo nunca se casou. A partir de 1916, Munson começou a apresentar sintomas de problemas mentais. Depois que sua fama se esvaiu, mudou-se com sua mãe para o norte do Estado de Nova York, onde trabalhou até como garçonete.
Munson chegou a tentar se matar bebendo veneno. Ela e a mãe viveram por muitos anos na região, até que a mãe a internou, aos 40 anos, em um hospital psiquiátrico. Seu passado era algo que a abalava. Quando as pessoas perguntavam sobre seu passado, ela fechava os olhos e cruzava os braços. Se recusava a falar.
A modelo passou mais de seis décadas reclusa e morreu aos 104 anos, sentenciada ao anonimato.
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A história de pessoas “esquecidas” em manicômios era algo muito comum nas primeiras décadas do século XX. Outra vítima desse terrível comportamento foi Nancy Cunard, herdeira da Cunard Steamship Company, companhia de navegação que lançou os primeiros transatlânticos do mundo. Apaixonada pela cultura e a arte africanas, influência de todos artistas modernos da época, Nancy, sofisticada, exótica, riquíssima e muito louca, vivia cheia de pulseiras, braceletes e adereços africanos. Era conhecida como A Dama dos 100 Braceletes. Casou-se com um músico de jazz negro… e foi internada pela mãe num hospital psiquiátrico.
Mas essa é uma história para uma outra vez…
Fonte:
BBC
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