Todo mundo já percebeu que, nas cédulas do real, existem estampas de vários animais. Como a arara nas cédulas de R$ 10 e o mico-leão dourado nas de R$ 20. Mas existe uma estampa que aparece em todas as notas, a figura que se parece a de uma escultura de uma mulher, muito séria.
Segundo o Banco Central do Brasil, essa é uma ilustração que representa a República. No nosso país, ela foi interpretada sob a forma de uma escultura, e a imagem original que serviu de inspiração para essa representação foi o quadro “A Liberdade Guiando o Povo”, de Eugène Delacroix, no qual a Liberdade é apresentada na forma de uma mulher.

Mas essa mulher que aparece no quadro, além de representar a Liberdade e ser a personificação da República Francesa, também é conhecida como Marianne. Foi batizada pelos franceses e o critério para a escolha desse nome foi simples: juntar os nomes mais comuns entre as mulheres pobres do país no século 18, Marie e Anne. A partir de então, Marianne passou a representar os valores de Liberdade, Igualdade e Fraternidade da Revolução Francesa, que, em 1789, derrubou a monarquia absolutista e instaurou a República na França.

A imagem de Marianne também foi usada nas moedas portuguesas. Por lá, a República apareceu como na França, com os seios aparentes, em uma litografia de Cândido da Silva, representando os revolucionários de 1910.
No quadro famoso de Delacroix, a Liberdade – ou Marianne – aparece usando na cabeça o barrete frígio (uma touca ou carapuça). Uma curiosidade a respeito do barrete frígio: ele tem esse nome porque foi originalmente utilizado pelos habitantes da Frígia, onde hoje fica a Turquia, e adotado pelos republicados franceses que derrubaram a Bastilha. O próprio barrete em si passou a representar a República e aparece em diversas bandeiras e brasões republicanos, como o da Argentina e também no da cidade do Rio de Janeiro.

Nas nossas moedas, a efígie da República é representada desde, obviamente, a proclamação da República, em 1889. Ora ela está olhando para o lado direito. Ora ela está olhando para o lado esquerdo. Em todas as ocasiões, a República está usando o barrete, mas o motivo de ela estar olhando uma hora para um lado e na outra, para o outro, talvez seja apenas estético.
Nas cédulas brasileiras, a primeira vez que a República apareceu foi em 1889, na nota de 500 réis. Em 1926, ela voltou a aparecer na nota de 20 mil réis. Nas cédulas de cruzeiro, ela foi surgir no reverso da nota de Cr$ 20, porém como uma estátua mitológica segurando a Constituição, e não como efígie. No caso desta cédula, a efígie é do proclamador da República e nosso primeiro presidente, o Marechal Deodoro da Fonseca.
Foi só a partir de 1970, na segunda encarnação do cruzeiro, na cédula de Cr$ 1, que a República surgiu em forma de estátua greco-romana. Mas a representação como conhecemos hoje apareceu pela primeira vez somente em 1989, no cruzado novo, na cédula de NCz$ 200. Depois, esta cédula foi reaproveitada com o mesmo valor, só que com um famigerado carimbo, na terceira encarnação do cruzeiro. Finalmente, em 1994, ela voltou definitivamente, desta vez em todas as cédulas de real, onde permanece até hoje.

Para encerrar, duas curiosidades.
Em 1922, o Brasil voltou a exibir a coroa do Império em suas moedas, 33 anos após a proclamação da República, para celebrar o centenário da Independência. A moeda de 500 réis trouxe, lado a lado, a a coroa e o barrete frígio da República, representando as duas fases que o Brasil viveu após se libertar de Portugal.

Você sabia que o desenho da República na moeda de R$ 1 quase foi diferente? O governo usou a imagem da República igual ao da nota de um cruzeiro. O desenho, no entanto, foi somente um disfarce para esconder o desenho oficial oficial da moeda, que ainda não havia sido lançado.

Fontes:
Wikipedia
caraoucoroa.blogosfera.uol.com.br
Felipe Branco Cruz
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