A velocidade nas principais vias de São Paulo tem diminuído constantemente. Apesar de muitas queixas dos motoristas, que alegam ter visto o trânsito piorar por causa disso, as últimas medições apontam o contrário.
Além de diminuir a epidemia de acidentes de trânsito, e isso em todas as cidades do mundo que adotaram essa providência, a redução da velocidade diminui o número de acidentes (e, consequentemente, o de mortos e feridos) e melhora o fluxo do trânsito e qualidade do ar.
Foi Estocolmo, na Suécia, a primeira capital a fazer a mudança, em 1997. Desde então, muitas outras cidades seguiram por este caminho. Em Nova York, por exemplo, a velocidade em vários bairros é de 32 km/h.
Veja como funciona em outras capitais do mundo:
Londres
A capital da Inglaterra vem adotando, nos últimos anos, medidas para diminuir a quantidade de acidentes no trânsito, incluindo a redução de velocidade. Atualmente, o limite de velocidade é de 32 km/h em ruas e avenidas importantes da cidade. A diferença entre Londres e São Paulo é que lá há uma boa rede de transporte público. Por exemplo, o metrô. O sistema da capital paulista, inaugurado em 1974, tem hoje 78,3 quilômetros de extensão – numa média de expansão de 1,91 quilômetro por ano. O metrô de Londres, em operação desde janeiro de 1863, tem uma expansão média de 2,68 quilômetros por ano, e mais de 400 km de extensão…
Paris
A velocidade máxima permitida nas pistas do anel viário da capital francesa foi reduzida para 80 km/h para 70 km/h no começo de 2014. Dentro da cidade, o limite é de 50 km/h, com limites mais baixos em determinadas áreas. Essa é outra capital com boa infraestrutura de transporte público. Dá pra viver bem por lá sem carro.
Nova York
Em novembro de 2014, a administração da maior cidade dos Estados Unidos reduziu o limite de velocidade para 40 km/h. Em vários bairros, porém, o limite é ainda menor: 32 km/h. As medidas foram acompanhadas de uma campanha de conscientização e de ações para aumentar a fiscalização no trânsito. E andar de carro nessa cidade é uma insanidade… Onde há mais de 10.000 táxis rodando apenas em Manhattan. Para que se tenha uma ideia, Manhattan é menor em área do que o bairro de Santo Amaro, em São Paulo…
Cidade do México
O trânsito é um problema histórico da capital do México. Lá, os limites de velocidade foram reduzidos no fim de 2015: 80 km/h em pistas expressas, 50 km/h em avenidas, 40 km/h em vias secundárias e 20 km/h em áreas escolares e nas proximidades de hospitais. Pelo menos, dois serviços públicos lá funcionam muito bem, limpos e no horário: os trens e o metrô. E são baratos. A rede do metrô, com 250 km, cobre todos os bairros da cidade e a passagem custa 5 pesos, ou R$0,90.
Tóquio
Na capital do Japão, os motoristas podem dirigir a no máximo 50 km/h, sendo que há limites mais baixos de – 40 km/h e 30 km/h – em determinadas áreas da cidade. Mas é aquela história: não se deve andar de carro na megalópole. Além da eficiente rede de trens e metrô (que levam ambos cerca de 20 milhões de passageiros/ dia), há ainda o serviço de ônibus urbanos, conhecidos como Toei. Esse meio de transporte é indicado para as viagens curtas e para fazer a interligação com a rede de metrô.
Lima
A capital peruana tem quatro limites de velocidade em vigor: 80 km/h em vias expressas, 60 km/h nas avenidas, 40 km/h nas ruas e 30 km/h nas proximidades de escolas e hospitais.
Aqui, realmente, estamos numa capital do terceiro mundo. Uma cidade tão populosa, com mais de 8 milhões de habitantes, tem um trânsito caótico e um péssimo transporte público. Os ônibus são tipo jardineiras, sujos e caindo aos pedaços. Nos táxis, você tem que exigir que o motorista ligue o taxímetro e o metrô começou a operar há 5 anos. Tem apenas uma linha, com 34 km. Por isso, andar de carro ainda é uma opção preferida por muitas pessoas.
Bogotá
Na capital da Colômbia, a velocidade máxima permitida é de 80 km/h. Em vias situadas nas zonas residenciais e escolares, porém, o limite é de 30 km/h. Aqui, nesta cidade de quase 9 milhões de habitantes, há muitas opções de transporte público. Além dos táxis, que são baratos, há as “busetas” (pequenos ônibus coloridos que fazem trajetos mais curtos) e o Transmilênio, um sistema de VLP inspirado nos corredores de ônibus de Curitiba, melhorado e ampliado. São ônibus enormes, bi-articulados e que cobrem doze linhas, com 1.989 ônibus, 5.318 motoristas e 137 estações em 112,9 km de corredores exclusivos. Assim como em Curitiba, as estações são fechadas, sendo necessário pagar passagem para entrar na estação. Uma vez lá dentro, é possível tomar quantos ônibus forem necessários. Nos horários de pico, a tarifa é mais alta: são 1.800 pesos colombianos, equivalentes a R$ 2,10. Nos domingos e feriados, a passagem custa 1.500 COL, cerca de R$1,76.
Berlim
Na capital da Alemanha, o limite é de 50 km/h na maioria das vias, mas há áreas em que a velocidade máxima permitida é de 30 km/h. Além disso, há uma outra regra: em parte das vias com limite de 50 km/h, os motoristas não podem passar dos 30 km/h durante o período noturno.
Voltamos ao primeiro mundo. O sistema de transporte público em Berlim é excelente. Os táxis não estão entre os mais caros da Europa, o metrô (apesar de antigo, com seus 150 km e estações meio sujas e encardidas) funciona muito bem, e ainda há os trens e os bondes que, somados, percorrem um trajeto de mais de 300 km.
Buenos Aires
Na capital argentina, o limite é de 60 km/h nas avenidas e de 40 km/h nas ruas. Em algumas avenidas mais largas, pistas e autopistas, o motorista pode dirigir a 70 km/h ou a 80 km/h. O transporte público de Buenos Aires é um dos fatores que influenciou o crescimento do turismo, com inúmeras alternativas para transitar pela cidade, inclusive funcionando 24 horas. Com os recentes aumentos nas tarifas desses serviços, ordenadas pelo presidente Macri, os táxis – que eram muito baratos para nós – estão agora com a bandeirada equivalente à de São Paulo. Mas a capital argentina ainda tem uma eficiente rede de ônibus urbanos, o metrô cobre praticamente toda a cidade e há ainda os trens, modernos e limpos.
Em resumo, diminuir a velocidade dos carros nas ruas é ótimo por vários motivos. Mas a cidade precisa de um transporte público eficiente que estimule os proprietários de automóveis a deixar seu carro em casa nos dias úteis.
São Paulo está longe de ter essa infraestrutura eficiente, mas avançou bastante nos últimos anos. Falta muito, mas, pelo menos, estamos a caminho…
Fonte:
UOL
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