Você consegue imaginar como era viajar de avião na década de 60?
A rotina dos aeroportos e as aeronaves de hoje em nada lembram a “era de ouro” da aviação comercial. Havia mais espaço entre as poltronas, mais comissários de bordo, mesmo o serviço era incomparavelmente melhor do que atualmente. Imagine que a classe executiva que se oferece atualmente era a classe econômica de então!

Claro que tudo isso tinha um custo. Viajar de avião naquela época era um evento para poucos. Os preços das passagens eram extremamente altos. Só para dar uma ideia, um bilhete aéreo para uma capital que ficasse a uns 2.900 km de São Paulo, como Natal (RN), que hoje custa em torno de US$ 200,00, custava há 50 anos o equivalente a US$ 1.200,00.
Mas, conforme escrevi mais acima, se os preços eram salgados, o serviço de bordo e o conforto das aeronaves eram à altura. As empresas ofereciam uma série de mimos e pequenos luxos que praticamente não existem mais hoje em dia. Mesmo que você viaje de primeira classe.
Nas viagens de longa distância, as empresas ofereciam refeições completas e bebidas livremente, como vinho, conhaque, licores, champanhe e uísque. O jantar era servido em pratos de porcelana e o vinho, em taça de cristal. Os aviões de grande porte chegavam a contar com 15 comissários de bordo!
O serviço de bordo da nossa antiga Varig chegou a ser premiado como o melhor do mundo pela revista americana “Air Transport World”.
Escolhi algumas fotos para demonstrar como era a “dolce vita” nos céus:
Depois do jantar, o mais popular passatempo era ler – livros, revistas, ou se atualizar com as notícias dos jornais. Só lembrando, ler era um hábito disseminado, pois não havia internet, nem Facebook e nem Twitter.
Falando em jantar, a coisa era realmente muito diferente de hoje em dia quando se tratava das refeições. Mesmo na classe econômica, espie só:
Na primeira classe, antes do jantar, eram servidos drinques no bar.
Acompanhados por canapés…
E o jantar – que jantar! – era finalmente servido por garçons devidamente uniformizados e na sua mesa coberta por toalhas de linho.
Após a refeição, os passageiros poderiam se reunir de novo no bar, onde conversariam com o capitão, um veterano dos ares com mil histórias para contar.
Se a conversa estivesse chata, os passageiros poderiam, por exemplo, jogar cartas com os baralhos oferecidos pela companhia aérea, que traziam fotos de aviões ou do destino para onde estavam viajando.
Mas não pense que o pessoal da classe econômica era esquecido: a eles, os comissários de bordo ofereciam tabuleiros de xadrez ou de damas, para passarem o tempo. Ainda não havia a tecnologia para passar filmes a bordo.
Você pode ter notado, na foto lá em cima no bar, uma moça com o cigarro na mão. Fumar, hábito banido nos aviões há muitos anos, era então permitido e os passageiros costumavam se reunir na sala de estar para fumar e conversar durante o voo.
Havia ainda, nos voos de longa duração, o serviço de chá da tarde. Os docinhos e bolos que a comissária trazia no carrinho era uma tentação irresistível.
Era tudo maravilhoso, não é?
Bem, quase tudo… A segurança era precária, especialmente por conta da tecnologia ainda incipiente. Não se conseguia pousar sob neblina, as colisões no ar eram frequentes… Era comum, ainda, que paredes de vidro separassem a classe econômica da executiva. Então, durante uma turbulência, por exemplo, essas paredes se estilhaçavam e você pode imaginar o que isso significava.
E como fumar era permitido, o que fazia com que cigarros, charutos e cachimbos fossem consumidos livremente, os pequenos focos de incêndio eram frequentes, especialmente quando o passageiro caía no sono com o cigarro aceso.
As bebidas, também servidas livremente, provocavam outros problemas. Muita gente passava dos limites, e em quase todo voo você via passageiros tropeçando pelos corredores, assediando as comissárias de bordo, cantando alto e vomitando no banheiro.
Quer dizer, nem sempre se viajava num céu de brigadeiro…
Fontes:
UOL
Catraca Livre
Major Airline News
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