
Como sempre acontece nos feriados prolongados em São Paulo, mais de um milhão de carros toma o rumo do interior ou do litoral… E, como sempre acontece, isso congestiona todas as vias da cidade, causando “o maior congestionamento da história”: um dia é de 300 km, no outro é de 400 km, amanhã será de 500 km… Às vezes penso que você anda mais rápido a pé do que de carro ou ônibus na cidade…
O estresse dos motoristas, tanto os que ficam presos nas rodovias como aqueles que ficam presos nas ruas de São Paulo, me lembra sempre um famoso curta-metragem estrelado pelo Pateta e que se chamou no Brasil “Pateta no Trânsito”.
O vídeo mostra, de forma divertida, como uma pessoa gentil e educada pode se transformar em um ser humano nervoso e agressivo ao entrar em um carro. É uma espécie de Dr. Jekyll e Mr. Hyde motorizado, o médico e o monstro. O Sr. Walker (pedestre, de “walk”, andar, em inglês) se transforma no Sr. Wheeler (de “wheel”, volante em inglês) quando entra em seu carro, evidenciando uma personalidade violenta e egoísta, contrária de quando era pedestre…
Na época em que o desenho chamado no original de “Motor Mania” foi criado, em 1950, o Pateta já vinha estrelando uma série de curtas onde ele “ensinava” como fazer alguma coisa: desde a mudança da casa até praticar esportes. Nesses trabalhos, Pateta nos ensina, de forma atrapalhada, a realizar as mais diversas tarefas. Com poucas falas e sempre com a ajuda de um narrador que interage com o personagem a quase todo momento, pode-se dizer que o ensino quase nunca corre normalmente. Nesses desenhos, todas as personagens têm a fisionomia do Pateta. De 1940 a 1950 já haviam 48 desenhos com Pateta, além de ele aparecer em outros desenhos junto com Mickey e Pato Donald.
Esse “Motor Mania” foi o primeiro deles em que o Pateta aparece “redesenhado”, sem os dois dentões da frente e sem as orelhas compridas, que nos acostumamos a ver nos quadrinhos. O curta ainda foi premiado naquele ano como o melhor filme sobre segurança no trânsito.
Os comportamentos demonstrados nessa animação foram aprofundados em mais 2 episódios, “Freewayphobia”…
e “Goofy’s freeway troubles” (disponíveis no YouTube), ambos produzidos em 1965 e que foram exibidos inclusive em auto-escolas dos EUA.
Atualmente, vemos campanhas oficiais na TV que não educam os motoristas, e em certos casos, culpam os pedestres pelos atropelamentos que sofrem. Mais do que investir no marketing e na qualidade visual das campanhas, é preciso ter meios de realmente educar as pessoas. Se muitos discordam das propagandas que mostram “cenas chocantes” de acidentes, que tal aproveitar os ensinamentos do Pateta nesses filmes? Eles tratam de questões simples e que a gente vê ignoradas todos os dias:
– veículos lentos trafegam à direita;
– dê passagem;
– sinalize a mudança de faixa usando a “seta”… Etc etc…
O mais triste de tudo isso, apesar do desenho ser hilário, é que o comportamento dos motoristas nada mudou desde 1950.
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