Há dois anos, a 1ª Guerra Mundial (1914-1918) completou 100 anos de seu início. O conflito foi o primeiro a envolver países dos cinco continentes e deixou cerca de 10 milhões de mortos e 20 milhões de feridos, além de resultar na queda de quatro impérios (Russo, Austro-Húngaro, Alemão e Otomano).
Esse foi o primeiro conflito a fazer uso maciço de armamentos pesados (na foto acima, trabalhadores numa fábrica de morteiros na Inglaterra), dos aviões e dirigíveis, de submarinos e de gases venenosos. Foi também o primeiro a se desenvolver principalmente nas trincheiras.

No início da guerra, a infantaria foi muito utilizada com o apoio da cavalaria e de peças móveis de artilharia. Este tipo de combate marcou a primeira fase do conflito, identificado como “guerra de movimento”.
Aos poucos, passaram a ser utilizadas as trincheiras como estratégia de guerra, o que causou muitas baixas ao exércitos que ainda insistiam no deslocamento de tropas. Mesmo fazendo uso de bombardeio, gases e lança-chamas, o mecanismo das trincheiras, que utilizavam metralhadoras e eram defendidas por arame farpado, causava o fracasso da infantaria.

O recurso às trincheiras era uma forma de guerra já conhecida na antiguidade, mas foi somente na Primeira Guerra Mundial que ocorreu efetivamente uma “Guerra de Trincheiras”, muito impulsionada pela invenção da metralhadora. As trincheiras eram cavadas pelos próprios soldados, possuíam cerca de 2,5 metros de profundidade e 2 metros de largura, por onde se movimentavam os combatentes. Em sua parte posterior, eram protegidas por sacos de areia, que defendiam do impacto dos tiros e dos estilhaços das bombas. À frente desses sacos de areia, estavam longas coberturas de arames farpados, algumas vezes eletrificados, que impediam a aproximação do inimigo. Devido à profundidade das trincheiras, não era possível observar o campo de batalha, por isso construíam-se algumas elevações dentro das trincheiras que permitiam alcançar o nível de visão adequado ao combate e também o acesso às metralhadores, o equipamento básico que era capaz de destruir muitos inimigos.
A Guerra de Trincheiras marcou a segunda fase da Primeira Guerra Mundial. Foi a fase mais sangrenta, onde se verificavam as piores condições humanas de sobrevivência em um campo de batalha. Milhares de soldados permaneciam durante meses dentro desses túneis, que eram interconectados, formando assim uma rede de defesa dos exércitos.

Quando os soldados cavavam em regiões perto do mar, acabavam encontrando água no meio do processo, o que deixava o terreno permanentemente tomado por lama. Em ocasião de chuva, a situação se intensificava, os túneis ficavam inundados e os soldados tinham que lutar, comer e dormir encharcados.
Sono, cigarros, comida, bebida e mulheres: estas eram, pela ordem, as prioridades dos soldados nas trincheiras. Para isso havia os “estaminets” – mistura de bar, restaurante e bordel. A vida nas trincheiras, no entanto, era realmente infernal. Dormia-se, ou melhor, tentava-se dormir de noite, pois qualquer movimento acima do topo dos abrigos podia representar morte repentina pelos franco-atiradores.
Os soldados ainda tinham que enfrentar uma praga: os ratos. Os ratos, do tamanho de gatos, alimentavam-se dos cadáveres abandonados – desfigurando-os de forma hedionda ao comer primeiro os olhos para chegar mais rápido às entranhas. Eles ainda incomodavam os soldados passeando por seus rostos enquanto os coitados tentavam dormir.
Unindo o útil ao agradável, milhares de homens tinham como passatempo a caça aos ratos. Atirar nos animais era proibido – para economizar munição –, e o ataque com baioneta era mais comum. Outra praga eram os piolhos. Dizia-se que, ao chegar de uma estação sanitária de eliminação de piolhos, bastava alguém se deitar no terreno para ficar infectado novamente.
Além de incômodos, os piolhos podiam ser infecciosos, carregando consigo uma bactéria que provocava a chamada febre das trincheiras, inicialmente identificada em 1914, e que infectou e incapacitou por semanas milhões de soldados ao longo dos quatro anos do conflito. O problema era mais sério do que pode parecer, em todos os sentidos. Nos hospitais de campanha do exército britânico, a moléstia respondeu por 15% dos atendimentos. Isso sem contar as coceiras, que levavam os soldados a rasgarem o próprio corpo com as unhas em busca de alívio. Militarmente falando, o prejuízo também foi significativo. Relatos do front indicavam que soldados perdiam, por dia, de uma a duas horas de ação apenas pelo fato de precisarem se limpar e remover os parasitas de suas roupas.

Mas enquanto o soldado não voltava do front, a guerra contra os piolhos tinha que continuar. A mais difundida técnica de extermínio era o holocausto dos insetos com velas quentes. Entretanto, a operação requeria perícia e habilidade para exterminar o alvo sem queimar as roupas. “Eles ficam nas costuras dos uniformes, nas barras das calças, seus esconderijos parecem impenetráveis. A solução é incinerá-los com uma vela acesa: eles estouram como um biscoito chinês”, explicou a um jornal um soldado britânico. “O único problema é que, depois de cada uma dessas sessões, o rosto fica coberto de gotículas de sangue espirradas na explosão vigorosa dos piolhos maiores”.
A Guerra de Trincheiras não foi o motivo pelo qual o lado dos aliados venceu a guerra, ela apenas trouxe mais morte e sofrimento para os combatentes. Foi com o uso de tanques de guerra, seguidos por soldados e aviões de combate que, em 1918, foi possível quebrar as defesas alemãs na Frente Ocidental.
Fontes:
infoescola.com
divaltegarcia.blogspot.com.br
g1.globo.com
wikipedia
veja.abril.com.br
herdeirodeaecio.blogspot.com.br
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