Em uma ilha brasileira, um viajante dos mares parece ter encontrado sua “alma gêmea”. Aparentemente, é esta a ligação entre este pinguim de Magalhães e o aposentado João Pereira de Souza. Afinal, por quê um pinguim nativo da Patagônia viajaria cerca de três mil quilômetros de distância para sempre acabar em um quintal na Ilha Grande, no Rio de Janeiro?
Há quatro anos, João Pereira de Souza tem compartilhado sua dedicação e algumas sardinhas para agradar a ave marinha. Por todos estes cuidados, o pinguim Dindim passa cerca de oito meses ao lado do amigo e apenas durante quatro meses ele viaja de volta para sua terra natal, na Argentina.
Algumas vezes, o bichinho desaparece no mar por dias, às vezes por meses, mas sempre retorna. Durante as visitas, os dois fazem longas caminhadas na praia, nadam juntos e até mesmo surfam. Normalmente, nas viagens mais longas, ele parte em fevereiro e retorna em junho.
“Quando ele retorna, sempre parece muito feliz em me ver,” disse João, em entrevista ao The Wall Street Journal. Viúvo de 71 anos, ele recebe essas visitas anuais desde 20 de março de 2011, quando salvou a ave que estava encharcada de óleo e largada na beira da praia.
Depois do primeiro encontro ele alimentou Dindim à força, o limpou e tentou fazê-lo voltar a nadar no mar. No entanto, conta que o bichinho deu um mergulho e voltou à praia. O senhor então lhe deu mais três sardinhas e conquistou sua dedicação eterna.
Não somente o amigo ama as visitas do pinguim, os demais habitantes da ilha também adoram mimar a ave marinha. “Ele é o mascote da vila”, diz Carlos Eduardo Arantes, que vive na vila de pescadores na qual Dindim foi salvo.
A espécie de Magalhães é conhecida por migrar milhares de quilômetros entre colônias de reprodução na Patagônia e viajar para alimentar-se mais ao norte. Eles tipicamente acasalam em setembro, põem ovos e têm os filhotes entre dezembro e fevereiro.
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