São Paulo é a sétima cidade mais populosa do planeta e sua região metropolitana, com cerca de 20 milhões de habitantes, é a oitava maior aglomeração urbana do mundo. Regiões ao redor da Grande São Paulo também são metrópoles, como Campinas, Baixada Santista e Vale do Paraíba; além de outras cidades próximas, como Sorocaba e Jundiaí. Esse complexo de metrópoles — o chamado Complexo Metropolitano Expandido — ultrapassa 30 milhões de habitantes (cerca de 75% da população do estado) e forma a primeira megalópole do hemisfério sul.
A cidade de São Paulo tem 461 anos, mas só se tornou a maior cidade do país em meados do século 20, época em que seu destino foi definido, ou pelo menos foi projetado, por dois prefeitos urbanistas. Contemporâneos e com propostas antagônicas, Anhaia Mello e Prestes Maia comandaram a prefeitura em épocas distintas, mas exerceram influência sobre as gestões seguintes.
Veja o quadro abaixo que compara os pensamentos desses dois antigos gestores:
Anhaia Mello via o urbanismo como um instrumento para reconciliar o homem e a natureza, e enfrentar os problemas de uma cidade industrial. Ele era defensor da ideia de impor limites ao crescimento de São Paulo. Defendia também o zoneamento urbano e propôs normas para regulamentar o uso e a ocupação do solo. E criticava a verticalização das cidades! E não só isso, Anhaia Mello também propunha a proibição de instalação de novas indústrias no entorno da cidade e o controle do crescimento de São Paulo. A cidade seria descentralizada, com núcleos que aproximariam moradia e emprego. Cinturões verdes seriam preservados nas periferias, e novos núcleos urbanos seriam criados na região metropolitana para dar conta do crescimento populacional.
Claro que foi vencido pelos que desejavam a expansão da atual megalópole…
Prestes Maia foi quem propôs a construção de avenidas radiais, e isso favoreceu o crescimento ilimitado da cidade. Ou seja, o oposto do pensamento de Anhaia Mello… Para desafogar o trânsito próximo ao marco zero da cidade, a Praça da Sé, Prestes Maia formou um perímetro em torno dele. Promoveu desapropriações, transformou ruas em avenidas e construiu viadutos para formar o anel das avenidas Rangel Pestana, Mercúrio, Senador Queirós, Ipiranga e São Luís, acrescido de vias como o viaduto Jacareí e a rua Maria Paula.
Prestes Maia também priorizou a retificação do rio Tietê e a abertura de avenidas como a Nove de Julho e 23 de Maio, e alargou e asfaltou inúmeras vias. Seu plano sempre privilegiava o carro e os deslocamentos de longa distância. Como não havia a preocupação formal com a formação de subcentros na cidade, o crescimento dessa frota logo colocou a perder todo o esforço feito para abrir novas avenidas.
Pressionado, tomou na ocasião iniciativas para preparar a cidade para a construção do metrô. Reservou, por exemplo, o canteiro central da avenida 23 de Maio para a implantação de uma linha Norte-Sul. No entanto, não conseguiu recursos para iniciar a obra e seus projetos nesse sentido ficaram congelados por décadas, sendo abandonados depois.
***
Segundo os urbanistas modernos, as ideias de Anhaia Mello voltam à tona hoje para enfrentar o colapso da mobilidade urbana, para uma melhor distribuição dos serviços e empregos e para evitar esse movimento para os pontos extremos da cidade, em que as pessoas levam duas, três ou mais horas nos deslocamentos para exercer suas atividades cotidianas.
Não sou especialista no assunto e nem tenho todas as informações sobre os projetos de cada um, mas por este resumo que consegui, preferia estar vivendo hoje na São Paulo projetada por Anhaia Mello…
Fonte:
Folha de S. Paulo
Deixe um comentário