A crise da água, que no Brasil assola São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e outros Estados, e que também castiga regiões nos Estados Unidos, evidenciou um fato que os cientistas vinham alertando há décadas: a água não é um bem infinito. Devíamos ter cuidado dela com o mesmo cuidado que damos ao petróleo. Sem desmatar com tanta ânsia as nossas florestas, sem impermeabilizar nossas ruas, impedindo que a chuva se infiltre nos lençóis freáticos. Sem invadir e destruir os mananciais, sem poluir os rios e os mares. Sem deixar crescer as cidades desordenadamente. Sem desertificar a terra para criar pastos… Que logo estarão secos. Além disso, a poluição do ar e a emissão descontrolada de gases tóxicos amplificaram o aquecimento global, que vem derretendo as calotas polares, fazendo subir o nível do mar e com resultados beirando a catástrofe: o rio São Francisco está perdendo a luta contra o mar, que já invadiu quilômetros do Velho Chico a partir de sua foz.
Muita gente não acredita que estejamos sem água. Afinal, nosso planeta não é o “planeta água?
Cerca de 71% da superfície da Terra é coberta por água em estado líquido. Do total desse volume, 97,4% aproximadamente, está nos oceanos, em estado líquido. A água dos oceanos é salgada: contém muito cloreto de sódio, além de outros sais minerais.
Mas a água em estado líquido também aparece nos rios, nos lagos e nas represas, infiltrada nos espaços do solo e das rochas, nas nuvens e nos seres vivos. Nesses casos ela apresenta uma concentração de sais geralmente inferior a água do mar. É chamada de água doce e corresponde a apenas cerca de 2,8% do total de água do planeta.
Veja no gráfico acima: de toda a água do planeta, somente 2,8% é de água doce. Só que a maior parte dessa água doce está congelada, formando grandes massas de gelo nas regiões próximas dos pólos e no topo de montanhas muito elevadas. Então, o que resta da água do planeta e que se pode consumir é apenas 1% da água do planeta!
E por que a água é tão importante?
Porque ela é um dos principais componentes da biosfera e cobre a maior parte da superfície do planeta, como vimos acima. Na biosfera, existem diversos ecossistemas, ou seja, diversos ambientes na Terra que são habitados por seres vivos das mais variadas formas e tamanhos. Às vezes, nos esquecemos que todos esses seres vivos têm em comum a água presente na sua composição.

Por exemplo, a água-viva chega a ter 95% de água na composição do seu corpo. Como a melancia!
Quer dizer, a água não está presente apenas nas plantas; ela também faz parte do organismo de muitos animais, como a água-viva. E é fácil comprovar que o nosso corpo, por exemplo, contém água. Bebemos água várias vezes ao dia, ingerimos muitos alimentos que contêm água e expelimos do nosso corpo vários tipos de líquidos que possuem água, como o suor, urina, lágrimas, etc.
Veja na imagem abaixo onde a água está armazenada em nosso organismo:
Entendido isso, a pergunta que não quer calar é: quanto tempo o corpo humano aguenta sem água?

Bem… A coisa funciona da seguinte maneira: em peso, a água representa cerca de dois terços do corpo humano. Ela é imprescindível para o bom funcionamento da circulação, respiração, converter os alimentos em energia e outros processos corporais. Perdemos água através do suor, urina, fezes e até mesmo da respiração. No calor, um adulto pode perder até 1,5 litros de água somente através do suor.
Estudos têm demonstrado que, se o corpo perder apenas 2,5% do seu peso em água, pode perder 25% de sua eficiência. Isso significa que um homem de 80 quilos começará a ter problemas caso perca 2 litros da água corporal. Essa desidratação pode engrossar o sangue, e isso faz o coração trabalhar mais e a circulação ser menos eficiente, prejudicando a oxigenação do corpo.
Então, tentando responder à pergunta, vamos imaginar um cenário: as condições são normais (nem muito frio ou calor) e a pessoa está em boa forma, com o funcionamento normal de todos os seus órgãos. Nessas condições, o ser humano pode viver entre 3 a 5 dias sem água. A degradação dos sentidos (olfato, visão, paladar, tato) e a queda nos sistemas do corpo (respiratório, circulatório etc) serão graduais.
Uma desidratação leve (1º dia) engrossa a saliva, a pessoa perde a frequência urinária e isso resulta numa urina com cor e odor fortes. Na desidratação moderada (do 2º ao 3º dias), a urina quase cessa – o corpo precisa economizar água – a boca e a mucosa do nariz ficam secas e isso vai gerar rachaduras, os olhos ficam fundos e sem lubrificação e os batimentos cardíacos são acelerados. A desidratação severa vem do 3º dia em diante, a urina definitivamente cessa, há perda temporária ou completa da sensibilidade e dos movimentos, extremo cansaço devido a baixa oxigenação dos sistemas, vômito e diarreia frequentes. No 5º dia a pessoa entra em choque. A pele fica azulada e muito fria, consequência da perda de pressão sanguínea.
A partir dessa fase, o fim da vida é questão de tempo.
Portanto, economize água: tome menos banhos, lave as roupas de forma mais espaçada, não varra a calçada com água, cuide dos vazamentos.
A água vale mais que ouro.
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