Eles previram o futuro… E acertaram!

Faz algum tempo, falei das previsões futuristas que deram errado (neste post), mas nem tudo foi um furo n’água. Escritores, roteiristas de cinema ou TV e palpiteiros em geral não precisaram ser videntes para dar várias bolas dentro. E aquilo que parecia uma viagem alucinante tornou-se realidade.

Vamos começar com o “pai” de todos os visionários, Júlio Verne. Entre tantos outros acertos em seus livros, ele previu o pouso na lua. Uma de suas obras-primas, “Da Terra à Lua”, de 1865, conta a saga de um pessoal em construir um enorme canhão para arremessar um projétil tripulado à Lua. Entre as várias coincidências com o que de fato ocorreu com a exploração do espaço pelo homem, estão:

  • o projétil foi disparado da Flórida, nos Estados Unidos;

Ilustração do momento do disparo, da edição de 1872.

  • era tripulado com três astronautas;
  • o nome de alguns astronautas, como Michel Ardan, é semelhante ao Michael de Michael Collins; e Ardan, ao do astronauta Edwin Aldrin;
  • na volta da Lua, o projétil cai no Pacífico e é resgatado por um navio.

É quase uma descrição exata da missão da Apolo 8, mais de cem anos depois do livro ser publicado.

Outro autor famoso e que fez uma previsão curiosa foi Ray Bradbury. No livro Fahrenheit 451 (de 1953), Bradbury explica que as pessoas na sua sociedade futurista sonham em comprar uma TV de tela plana para colocar na parede, uma sala com projeções 3D e um sistema de som multicanal, onde as pessoas se sentem imersas na transmissão de espetáculos musicais. A personagem Mildred diz ao marido: “Quanto tempo você acha que leva para economizarmos e abrirmos a quarta parede para instalarmos nosso quarto televisor?” Detalhe: quando o livro saiu, a televisão colorida havia sido lançada nos EUA fazia apenas 3 anos e ainda era extremamente cara.

Mark Twain é mais um desses visionários. O curioso é que eu, pelo menos, o conhecia como um autor satírico brilhante, e romancista genial, mas não como alguém que escrevesse sobre as “modernidades”. De fato, Samuel Clemens (o nome por trás do pseudônimo) morreu em 1910, muito antes da ARPANET, precursora da web. Mas ele parece ter sido o primeiro a conceber a internet. Sua contribuição foi entender essa ideia muito antes dos cientistas no conto escrito em 1898, chamado “From The London Times of 1904”. Nele, Twain descreve uma invenção chamada telectroscópio, um dispositivo que pretendia se conectar a uma rede enorme de telefones para interligar o mundo todo. 

O conto, segundo quem leu, não é muito bom, é melodramático demais – falando de um homem acusado por um crime que não cometeu e que é salvo da execução nos Estados Unidos na última hora por uma chamada telefônica do juiz que estava em Pequim -, mas Twain entendeu claramente o conceito básico da internet: viagens pelo mundo sem esforço através de um meio eletrônico.

Saindo da literatura e indo para cinema/TV, os roteiristas são tão imaginativos quanto os escritores. Veja o caso da série “Jornada nas Estrelas” clássica (1966-1969). Os tripulantes da nave Enterprise usavam um intercomunicador que antecipava em mais de três décadas os nossos atuais celulares.

Outro caso clássico e sempre citado é o dos Jetsons. Um palpite dos criadores da série e que está prestes a se concretizar é o da robô-arrumadeira Rose.  Quer dizer, não necessariamente uma robô que fala e arruma a casa. Hoje as coisas ainda estão separadas. Existe o NavBot da Samsung,  um robô aspirador de oito centímetros de altura equipado com a função Auto Dust Emptying, que coordena o esvaziamento automático de poeira e, por meio de sensores e uma câmera integrada, não limpa os mesmos lugares repetidamente. E a Honda já tem seu robô de companhia, o Asimo, capaz de andar, falar e interagir com os seres humanos. Porém, ele ainda não é comercializado.

Mas outro palpite da série se concretizou: a ida do homem à Lua. Elroy sempre fazia excursões ao satélite da Terra com a escola, e logo poderemos fazer o mesmo – no início, dando uma volta em órbita do planeta.  Mas tomar um refri num hotel com vista para a Terra será possível em menos de 20 anos. Em meia década já será uma moda entre os ricaços experimentar a gravidade zero e tirar fotos da Terra em um voo da Virgin Galactic ou da SpaceX. Além disso, haverá uma estação orbital de uso turístico que será construída pela Bigelow Aerospace.

Nave de turismo espacial da Virgin Galactic em voo impulsionado por foguete (Foto: AP Photo/Virgin Galactic, Mark Greenberg).

Mas tudo bem, você pode achar que isso dos Jetsons ainda está longe. Só que o filme “O Vingador do Futuro” (1990), com o bom e velho Shwarzza, antecipou algo que já está em uso em muitos aeroportos pelo mundo, edifícios públicos e inclusive num presídio no Rio de Janeiro: o scanner corporal.

  

A imagem acima mostra o esqueleto não me lembro de quem no filme, passando pelo scanner e mostrando a arma. A imagem abaixo mostra o scanner que está em uso no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, no combate às drogas. No começo do ano, a máquina detectou 22 africanos que tentavam embarcar no Aeroporto Internacional de Guarulhos com dezenas de cápsulas de cocaína no estômago. O destino era Angola. O scanner também tem ajudado a polícia a revistar suspeitos de contrabando de animais e outros crimes. Antes da prisão dos africanos, outras detenções já haviam sido feitas. Em novembro do ano passado, um colombiano com 70 cápsulas de cocaína no estômago e um grego com sete quilos da droga em um fundo falso de mala também foram capturados graças a essa tecnologia.

Para encerrar, o clássico “2001, Uma Odisseia no Espaço” antecipou, entre outras coisas, a videoconferência. Na imagem abaixo, vemos o astronauta no maior papo com a Terra.  Já faz algum tempo que conseguimos nos ver e nos falar em tempo real – coisa que em 1968, quando o filme foi feito, era a mais distante das ficções.

Na era da corrida espacial, quando os tripulantes das naves a caminho da Lua mandavam suas fotos ou vídeos lá de cima, a tecnologia envolvida era caríssima e só acessível a poucos países. Hoje, qualquer um com um computador ligado à internet (ou um smartphone com esse acesso) e o Skype pode conversar com seus amigos e familiares do outro lado do mundo.

Tudo bem que ainda estamos no meio do caminho em termos de carros-voadores ou máquinas de teletransporte, mas quem imaginaria há 20 anos (e não é tão distante assim, estamos falando de 1995!) que eu poderia estar conversando pelo Skype com meus netos que vivem em Dubai?

Comments

Uma resposta para “Eles previram o futuro… E acertaram!”.

  1. Avatar de Reginaldo de Souza

    Outro fato que se pode observar no seriado Jornada na Estrelas era a utilização de cartões coloridos de na sala de comando. algo que podemos comparar com nossos cartões de memória de hoje.

    Curtido por 1 pessoa

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