Outro dia estava assistindo um filme e lá no fundo da cena, no meio de um monte de gente, acho que vi um extra que já tinha sido extra em outros filmes. Claro, não tenho como comprovar isso e, mesmo que tivesse, eu não passaria horas – ou dias – assistindo um monte de filmes pra procurar o cara. Sou doido, mas nem tanto…

Mas não acho que seja impossível que essa pessoa – se foi a mesma – ter trabalhado em outros filmes fazendo o mesmo papel, no caso, de “extra”. Acho que todo mundo que assiste filmes ou seriados com alguma regularidade já se deparou com um monte de caras conhecidas – e nem precisa ser extra, não. Existem atores secundários, por exemplo, que vivem repetindo o papel de bandido (tem um baixinho careca, de bigode e/ou cavanhaque e cheio de tatuagens, algumas subindo pelo pescoço, que sempre faz papel de membro de gangue de Nova York… O nome dele é Robert la Sardo…)

latindragon1

Só que tem alguns figurões do cinema que também padecem desse “mal”. Não sei se é por falta de talento, mas existem astros que sempre fazem o mesmo papel. Mas pode ser por excesso de talento, pensando bem: ele é tão bom naquilo que o contratam para fazer sempre a mesma coisa, com a garantia de que será bem feito…

O caso mais notório atualmente é do Jason Statham, o cara que substituiu os heróis dos filmes de ação dos anos 1980.  A zona de conforto dele é esta: um protagonista durão, que nunca tem medo de fazer o trabalho sujo. O rosto sem expressão do Jason está em um monte de filmes, inclusive como parceirão do Stallone nos “Mercenários”. Mas pode reparar, ele passa pelo menos dois terços dos filmes segurando uma arma, franzindo a testa e enchendo de porrada um bandido. Agora, não me pergunte o que ele está fazendo na foto abaixo… Não quero nem imaginar.

Outro caso grave é do Adam Sandler. Além de ser “mala” demais, todos os papeis dele são de um adulto meio criança, meio bobalhão e com mais ou menos boas intenções. Ele veio do Saturday Night Live e ficou muito popular depois de sua migração para as telonas.  Acho que o único papel em que ele fez alguma coisa diferente foi numa comédia recente onde interpretava o papel da irmã gêmea do protagonista. Minha antipatia por esse chato é tão grande que não assisti esse filme e não gostei, já pelo trailer.

Nossa terceira vítima da mesmice cinematográfica é o Woody Allen. Adoro os filmes que ele dirige e os primeiros filmes onde ele atuava também. Mas não posso deixar de reconhecer que ele sempre faz o mesmo papel, o do intelectual neurótico e misantropo. O genial novaiorquino repete aquele sujeito que seria o sonho de todo terapeuta (porque seriam décadas de análise), e mesmo quando está apenas dirigindo, ele coloca outro ator como uma espécie de substituto. Por exemplo, o Owen Wilson em “Meia Noite em Paris”.

Mas não são apenas os atores masculinos acometidos dessa “praga”. A gracinha da Kate Hudson é a digna representante feminina dessa casta.  Desde que a vi em “Quase Famosos”, ela sempre faz o papel da jovem adorável e meio porra-louca, quase sempre descobrindo que sua melhor amiga vai se casar no mesmo dia de seu próprio casamento, ou pior ainda, que outra melhor amiga acabou dormindo com seu noivo. Mas Kate continua sendo uma gracinha, pelo menos…

Warner Brothers

 Um cara de quem gosto muito é o Vince Vaughn. Ultimamente, porém, ele tem reprisado o personagem meio arrogante, o amigo inspirador e de fala rápida. Desde que fez o psicopata de “Psicose” na inútil refilmagem de Gus Van Sant, sei lá se foi contaminado pelo vírus do estrelato, ou se de repente acabou se encontrando nesse papel, mas o fato é que em todos os últimos filmes, suas participações têm sido iguais. Espero que, com todo o talento que ele tem, um dia resolva se desafiar e tentar algo diferente. Veremos se ele conseguiu na segunda temporada da série “True Detective” (eu ainda não assisti…)
New Line Cinema
Finalmente, o maior de todos da categoria “mais do mesmo”, John Wayne. Para mim, John Wayne sempre fazia o papel de… John Wayne. Em todos os filmes que fez e que eu assisti, seja no Velho Oeste, na Segunda Guerra Mundial ou na Guerra do Vietnã, ele representava o cara durão com sangue vermelho, azul e branco, e que só não aparecia em cena enrolado na bandeira americana porque não havia brecha nos roteiros. Mesmo naquele filme de 1956, “O Conquistador”, no qual foi escalado para interpretar Gêngis-Khan, você ficava esperando que a qualquer momento ele pusesse a mão na cartucheira e sacasse seu Colt. Se um dia você tiver oportunidade de assistir esse filme, vai notar que ele nem disfarçou o sotaque, fez o papel de um Gêngis-Khan cowboy, eh, eh, eh.
Paramount Pictures

Esse era o velho Duke. Mas, afinal, tenho certeza de que ele sabia que as pessoas que iam ao cinema para assistir a um filme com John Wayne esperavam mesmo ver apenas John Wayne.

 
 

8 respostas para “Atores de Hollywood que sempre fazem o mesmo papel”.

  1. verdade rsrs…outro exemplo é o ator Kevin James, sempre no mesmo estilo..tipo Adam Sandler

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  2. Alguns atores até pelo biotipo ficam fadados aos mesmos personagem. Um outro exemplo seria o ator Hugh Grant que depois do sucesso em “Quatro Casamentos e Um Funeral” parece que só lembram dele para personagens parecidos. O mesmo também pode se dizer de Colin Firth. Para ficar nesses dois.

    Creio que a “culpa” seria dos produtores dos filmes com receio de de perder a grana…

    Agora, em relação a Adam Sendler ele deu outro voo, e num Drama dos bons! Nesse:
    http://cinemaeaminhapraia.com.br/2012/11/21/reine-sobre-mim-reign-over-me-2007/

    E quanto a Woody Allen ele é a própria personificação de seus personagens 😀 Eu amo o “humor” desse cara!

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  3. São tantos os motivos desse “carma”, não é mesmo? Que passam pelo biotipo, como você lembra, e pelas bilheterias.

    Alguns deles tentam se desvencilhar da “persona”, como o Adam Sandler com esse drama que vc citou. Ou como o excelente Jim Carrey, que adoro e que embarcou em ótimos dramas (“Brilho Eterno…” e “Show de Truman”, só pra citar dois).

    Mas que, por conta da bilheteria fraca para os padrões, acabou voltando à comédia (“Dumb and Dumber” 2).

    Outro caso similar a eles dois é a Reese Witherspon, a eterna “Legally Blonde” que tentou um voo “sério” em “Livre” (ela está ótima), mas teve que voltar às comédias com “Hot Pursuit”, ao lado da Sofia Vergara.

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    1. Creio que para uma boa parte deles o que importa mesmo é estarem atuando. De estarem na ativa. O ostracismo deve pesar bastante.

      Não sei se foi um dos fatores que levou Robin Williams a ter depressão. Ou mesmo se foi o que ocorreu com o Philip Seymour Hoffman. Dois grandes atores que também eram procurados para personagens parecidos. Enfim, quando se atinge um estrelato… deve ser difícil o fato de não serem mais procurados…

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      1. E bem lembrado! “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” coloca Jim Carrey no panteon. O filme por um todo é sensacional!

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      2. Interessante esse seu ponto, sobre o ostracismo, quando se refere ao genial Robin Williams, que se suicidou.

        Realmente, o auge dele tinha passado em termos de bilheteria, e ultimamente fazia pontas e dublagens em desenhos… Muito provavelmente, como você diz, isso pode tê-lo levado á depressão – que, infelizmente, parece assolar os comediantes. O próprio Jim Carrey interpretou com sucesso o depressivo Andy Kauffman no ótimo e triste “O Mundo de Andy”…

        Mas ele também estava deprimido com os primeiros sintomas de Mal de Parkinson e deve ter desistido da vida também por isso. Ao contrário de outro astro, Michael J. Fox, que luta contra a doença, continua na ativa e ainda tem uma fundação de pesquisa que estuda as células tronco para desenvolver uma cura para as vítimas dessa doença.

        Fiquei muito triste com a morte dele.

        Já o fantástico ator Philip Seymour Hoffman (adorei sua atuação, entre outros filmes, em “Capote” e “Dúvida”, com Meryl Streep), infelizmente não conseguiu vencer seu vício em drogas e morreu de uma overdose de heroína, cocaína, anfetaminas e tranquilizantes. Qual o motivo de ele buscar essa “saída”? Talvez a depressão, também? Mas não era o ostracismo, ao contrário, ele tinha acabado de fazer dois filmes e tinha uma fila de outros pela frente…

        Outro ator depressivo e alcoólatra é o fabuloso Joachin Phoenix ( de “Ela”). Espero que ele consiga seguir em frente, porque é um grande ator. Seu próximo filme estreia daqui poucos meses, no qual contracena com Emma Stone e tem roteiro e direção de… Woody Allen!

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  4. Julio, passando para dizer que ainda vou voltar aqui. Talvez amanhã… É que ando sem tempo. Mas muito afim de continuar com essa conversa 🙂

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    1. Legal, vai ser um prazer!

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