Por que será que a gente nunca tem certeza dos porquês do uso dessa expressão? A língua portuguesa não é fácil (eu já comentei sobre isso neste post), mas também não é o fim do mundo.
Ortografia, cujo significado é escrever direito, é um dos assuntos mais temidos pelos jovens em virtude do número de regras existentes. É difícil memorizar todas, pois não leem muito nem escrevem sistematicamente, dois dos principais segredos para aprender a escrever as palavras adequadamente.
Quem tem o hábito de realizar boas leituras e de escrever ao menos um texto por semana aprende com mais facilidade a arte de escrever corretamente, se aliar a isso consultas constantes a dicionários de boa qualidade.
Mas concordo que o nosso idioma tem muitas “pegadinhas”. Veja só:
Por que, porque, por quê ou porquê:
Forma | Quando usar | Exemplo |
Por que | Nas perguntas ou quando estiverem presentes (mesmo que não explícitas) as palavras “razão” e “motivo”. | Por que você não aceitou o convite?
Todos sabem por que motivo ele recusou a proposta. Ela contou por que (motivo, razão) estava magoada. |
Por quê | Nos finais de frases. | Por quê? Você sabe bem por quê. |
Porque | Quando corresponder a uma explicação ou a uma causa. | “Não, Bentinho; digo isto porque é realmente assim, creio…” (M. Assis, Dom Casmurro). Comprei este sapato porque é mais barato. |
Porquê | Quando é substantivado e substitui “motivo” ou “razão”. | Não sabemos o porquê de ela ter agido assim. É uma menina cheia de porquês. |
Gerundismo
O gerúndio expressa uma ação que está em curso ou que ocorre simultaneamente ou, ainda, que remete a uma ideia de progressão. Sua forma nominal é derivada do radical do verbo acrescida da vogal temática e da desinência -ndo. Exemplos: comendo; partindo.
Veja, a seguir, o uso do gerúndio na prática:
E a lama desceu pelo morro, destruindo tudo que encontrava pela frente.
Depois de vários dias chuvosos o sol despontou, alegrando o coração de todos.
Rindo, ele se lembrava com saudades dos dias felizes que tivera.
Abrindo o laptop, começou a escrever.
Como vimos nos exemplos, o gerúndio pode ser empregado de diferentes maneiras em nossa língua sem que tenhamos praticado nenhuma heresia.
Já com o gerundismo é outra história. Nesse caso, trata-se do uso inadequado do gerúndio. Um vício de linguagem que se alastrou de modo tão corriqueiro e insistente que até já virou piada.
Então, se você usa expressões como: “Vou estar pesquisando seu caso.” “Vou estar completando sua ligação”, mude imediatamente sua fala para: “Vou pesquisar seu caso.” “Vou completar sua ligação.” Note que, nos dois casos, a ideia temporal a ser transmitida é a de futuro e não de presente em curso.
Quando usar “ç”
“Uma das intenções da casa de detenção é levar os que cometeram graves infrações a alcançar a introspecção, por intermédio da reeducação.”
Nessa frase, há seis palavras escritas com Ç: intenções, detenção, infrações, alcançar, introspecção e reeducação. As regras quanto ao uso do Ç são as seguintes:
1- Usa-se Ç em palavras derivadas de vocábulos terminados em -TO, -TOR e -TIVO. Por exemplo:
Canto – canção / Ereto – ereção
Infrator – infração / Setor – seção
Relativo – relação / Intuitivo – intuição
*Três palavras da frase apresentada obedecem a essa regra:
Intento – intenção
Infrator – infração
Introspectivo – introspecção
2- Usa-se Ç em substantivos terminados em -TENÇÃO derivados de verbos terminados em -TER:
Conter – contenção
Reter – retenção
Deter – detenção
3- Usa-se Ç em verbos terminados em -ÇAR cujo substantivo equivalente seja terminado em -CE ou em -ÇO:
Lance – lançar
Desenlace – desenlaçar
Abraço – abraçar
Endereço – endereçar
Almoço – almoçar
Uma palavra da frase apresentada obedece a essa regra:
Alcance – alcançar
4- Usa-se Ç em substantivos terminados em -ÇÃO derivados de verbos de que se retirou a letra R:
Exportar – exportação
Abdicar – abdicação
Abreviar – abreviação
*Uma palavra da frase apresentada obedece a essa regra:
Educar – educação.
Crase:
A palavra crase é de origem grega e significa fusão, mistura. Em gramática, basicamente a crase se refere à fusão da preposição a com o artigo feminino a: Vou à escola. O verbo ir rege a preposição a, que se funde com o artigo exigido pelo substantivo feminino escola: Vou à (a+a) escola.
No caso de ir a algum lugar e voltar de algum lugar, usa-se crase quando: “Vou à Bolívia. Volto da Bolívia”. Não se usa crase quando: “Vou a São Paulo. Volto de São Paulo”. Ou seja, se você vai a e volta da, crase há. Se você vai a e volta de, crase pra quê?
É erro colocar acento grave antes de palavras que não admitam o artigo feminino a, como verbos, a maior parte dos pronomes e as palavras masculinas.
A tabela resume os principais casos em que a crase deve (ou não) ser utilizada:
É preciso paciência. Só aprende a escrever adequadamente quem treina sistematicamente.
Fonte:
UOL Educação
UOL Vestibular
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