As superstições são criadas pelo povo e costumam passar de geração a geração. Por desconhecer as causas e efeitos de determinados fenômenos científicos, muitas pessoas atribuem explicações sem sentido racional.
Algumas delas são curiosas e não causam nenhum mal aparente, mas se a pessoa se prende demais a ela, pode ser prejudicial. Por exemplo, o caso de uma pessoa que deixa de fazer determinadas coisas numa sexta-feira 13. Não há nenhuma explicação científica que confirme que esse dia atrai azar, porém muitos indivíduos acreditam nisso como se fosse uma verdade.
Outra fonte de origem das superstições são os pensamentos religiosos, mais uma vez baseados em desconhecimento. E então, histórias recheadas de magia foram sendo transmitidas e rituais se desenvolveram baseados nelas, rituais que persistem até hoje.
Conheça a origem de algumas das superstições mais populares no Brasil:
Gato Preto
A ideia de que cruzar com um gato preto na rua dá azar vem desde a Idade Média. Naquela época, os felinos eram associados à bruxaria e rituais demoníacos por serem animais tipicamente noturnos. O fato de serem pretos os tornava piores ainda, já que essa era a cor das trevas. Os coitados dos gatos chegaram a entrar na lista do Papa Inocêncio 8 (1432-1492) e perseguidos pela Inquisição, muito provavelmente por terem sido, desde sempre, importantes símbolos pagãos.
Sexta-feira 13
Não estou falando do Jason, o cara que nunca morre nos filmes da série do mesmo nome. A crença de que o dia 13, quando cai em uma sexta-feira, é dia de azar, é a mais popular superstição entre os cristãos. Há muitas explicações para isso. A mais forte delas, segundo o Guia dos Curiosos, seria o fato de Jesus Cristo ter sido crucificado em uma sexta-feira e, na sua última ceia, haver 13 pessoas à mesa: ele e os 12 apóstolos.
Mais antigo que isso, no entanto, são duas lendas da mitologia nórdica. Na primeira delas, conta-se que houve um banquete e 12 deuses foram convidados. Loki, espírito do mal e da discórdia, apareceu sem ser chamado e armou uma briga que terminou com a morte de Balder, o favorito dos deuses. Daí veio a crendice de que convidar 13 pessoas para um jantar era desgraça na certa.
Segundo outra lenda, a deusa do amor e da beleza era Friga (que deu origem à palavra friadagr, friday = sexta-feira). Quando as tribos nórdicas e alemãs se converteram ao cristianismo, a lenda transformou Friga em bruxa. Como vingança, ela passou a se reunir todas as sextas com outras 11 bruxas e o demônio. Os 13 ficavam rogando pragas aos humanos.
Quebrar um espelho
Os espelhos, tradicionalmente, são tidos como o reflexo da alma do ser humano. Esse teria sido o motivo pelo qual se acredita que os vampiros não podem ser vistos num espelho, porque não têm alma… Seja como for, a crença de que quebrar um espelho traz sete anos de azar veio dessa conexão, ou seja, a alma também seria quebrada e os sete anos representam o tempo que ela precisaria para se regenerar.
Achar um trevo de quatro folhas dá sorte
Essa crença tem dois motivos: raridade na natureza e simbologia do número. Como o nome já indica, o trevo comum tem apenas três folíolos (é o nome certo). Mas, em função da temperatura e irrigação, alguns desenvolvem uma anomalia e nascem com quatro. Então, já é sorte encontrar algum.
A simbologia do número quatro é muito forte em diversas culturas por indicar um ciclo perfeito: as fases da lua, as estações do ano, os elementos da natureza e os pontos cardeais. Os druidas (que eram os responsáveis pelo ensino, instruções jurídicas e filosóficas da sociedade celta), cerca de 300 a.C., popularizaram a lenda de que o trevo de quatro folhas deve ser dado de presente e atribui quatro poderes para a vida daquele que recebe: esperança, amor, fé e sorte.
Passar debaixo de uma escada dá azar


Esse costume teria se originado nos celtas, e de lá se espalhado por todos os continentes. A versão original consistia em bater no tronco de uma árvore com os nós dos dedos. Os povos antigos teriam interpretado que os raios que caíam frequentemente sobre as árvores eram um sinal de que as árvores eram a morada dos deuses na Terra. Por isso passaram a render culto a elas, considerando-as templos da santidade. A árvore servia como meio para enviar a doença e o mal ao subsolo e lá torná-lo incapacitado de agir. Também se recorria a ela se a má sorte visitava um homem sob a forma de demônios. Nestes e outros casos, o sacerdote druida celebrava uma série de ritos e cultos nas chamadas ramadas sagradas, locais equivalentes às igrejas atuais.
Abrir guarda-chuva dentro de casa
Embora alguns historiadores acreditem que esta crença venha dos antigos egípcios, a maioria acredita que o alerta contra guarda-chuva dentro de casa se originou muito mais recentemente, na Inglaterra vitoriana.
Em “Extraordinary Origins of Everyday Things” (tradução livre, “Origens Extraordinárias de Coisas Cotidianas”) (Harper, 1989), o cientista e autor Charles Panati escreveu: “Em Londres do século XVIII, quando os guarda-chuvas com hastes pesadas de metal começaram a se tornar comuns, o seu mecanismo rígido o tornava um verdadeiro perigo para ser aberto dentro de casa. Um guarda-chuva abrindo de repente em um quarto pequeno poderia ferir gravemente um adulto ou uma criança, ou quebrar um objeto. Mesmo um acidente menor poderia provocar palavras desagradáveis ou uma briga, sinal de má sorte em uma família ou entre amigos. Assim, a superstição surgiu como um elemento para impedir as pessoas de abrirem um guarda-chuva dentro de casa”.

Esta crença é bastante popular no país.
Batizado de Fernando Bulhões, Santo Antônio era um frade franciscano, nascido em 1195, em Portugal, mas viveu durante a maior parte de sua vida em Pádua, na Itália. Apesar de não ter em seus sermões nada específico sobre casamentos, Santo Antônio ficou conhecido como o santo que ajuda mulheres a encontrarem um marido por conta da ajuda que dava a moças humildes para conseguirem um dote e um enxoval para o casamento.
Reza a lenda que, certa vez, em Nápoles, havia uma moça cuja família não podia pagar seu dote para se casar. Desesperada, a jovem – ajoelhada aos pés da imagem de Santo Antônio – pediu com fé a ajuda do Santo que, milagrosamente, lhe entregou um bilhete e disse para procurar um determinado comerciante. O bilhete dizia que o comerciante desse à moça moedas de prata equivalentes ao peso do papel. Obviamente, o homem não se importou, achando que o peso daquele bilhete era insignificante. Mas, para sua surpresa, foram necessários 400 moedas de prata para que a balança atingisse o equilíbrio. Nesse momento, o comerciante se lembrou que outrora havia prometido 400 escudos de prata ao Santo, e nunca havia cumprido a promessa. Santo Antônio viera fazer a cobrança daquele modo maravilhoso. A jovem moça pôde, assim, casar-se de acordo com o costume da época e, a partir daí, Santo Antônio recebeu – entre outras atribuições – a de “O Santo Casamenteiro”.
Outra história que envolve a fama de Santo Antônio é a de que uma moça muito bonita, que havia perdido as esperanças de arranjar um marido, apegou-se a Santo Antônio. Dizem que a mulher adquiriu uma imagem do santo e colocou-a em um pequeno oratório. Todos os dias, a jovem colhia flores e as oferecia a Santo Antônio, sempre pedindo que este lhe trouxesse um marido.
Mas, passaram-se semanas, meses, anos… e nada do noivo aparecer.
Então, tomada pelo desgosto e pela ingratidão do santo, ela atira a imagem pela janela. Neste exato momento, passava um jovem cavalheiro que é atingido pela imagem. Ele a apanha e vai entregar à jovem, que se apaixona por ele e atribui a sua chegada à fé por Santo Antônio. A partir daí, as moças solteiras que queriam casar começaram a fazer orações pedindo ajuda ao santo e cultuando sua imagem.
Entre as simpatias mais populares, acredita-se que as jovens devem comprar uma pequena imagem do Santo e tirar o Menino Jesus do colo, dizendo que só o devolverá quando conseguir encontrar o amor, ou ainda, virar o Santo Antônio de cabeça para baixo, dentro ou fora de um copo d’água, avisando ao Santo que só vai desvirá-lo – ou “desafogá-lo” – quando um novo amor surgir em sua vida…
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