Assassinato ou suicídio? O caso mais bizarro de todos os tempos

Ronald Opus é o nome. Tem até verbete na Wikipedia… Sua história foi tema de um dos episódios do seriado “Law & Order”, parece que também no “CSI: Miami” e apareceu no longa “Magnolia”, com Tom Cruise, com ligeiras modificações:

É uma história fantástica, daquelas que você fica pensando que não pode ser verdade. Mas vamos à ela:

No jantar de premiação anual de ciências forenses, em 1987, o Presidente da American Academy of Forensic Sciences, Dr. Don Harper Mills, impressionou o público com as complicações legais de uma morte bizarra.
 
“Em 23 de março, um médico examinou e concluiu que Ronald Opus morreu com um tiro de espingarda na cabeça. Mas começando as investigações, foi descoberto que Ronald tinha saltado do 10º andar de um prédio com a intenção de se suicidar, inclusive deixou um bilhete confirmando o suicídio. Acontece que, ao passar pelo 9º andar caindo, ele levou um tiro de espingarda que veio da janela, matando-o instantaneamente. Mais interessante ainda é que nem o suicida nem o atirador sabiam que o 8º andar estava com uma rede de proteção, pois alguns operários estavam limpando as janelas do prédio,  logo Ronald não iria conseguir se matar pulando da janela. 

A conclusão do legista é que Ronald então foi assassinado, já que não iria morrer por suicídio. Agora chegamos ao 9º andar, de onde veio o tiro da espingarda. Lá moravam um homem idoso e sua esposa. Eles viviam brigando e o homem ameaçava sua esposa com a espingarda. Naquele dia ele estava tão irritado que chegou a puxar o gatilho da arma, e por desorientação, não acertou sua esposa, acertou a janela, e naquele exato momento matou Ronald Opus, que caía. 

Em uma tentativa de assassinato de uma vítima A, mas que acaba assassinando uma vítima B, o assassino é obviamente culpado e responsável direto pela morte da vítima B. Essa foi a explicação dada ao velhinho, que se defendia alegando que não teve a mínima intenção de matar ninguém. Nem mesmo sua esposa. O casal prestou depoimento e ambos alegaram que não sabiam que a arma estava carregada. Apontar a arma era algo que já havia acontecido diversas vezes entre o casal, em discussões anteriores, mas sem que houvesse a real intenção de matar, já que a arma nunca estava carregada. 

Dias mais tarde surge uma nova peça no quebra-cabeças. Uma testemunha afirma ter visto o filho do casal colocando balas na arma, aproximadamente 6 semanas antes do dia do disparo. Uma investigação mais aprofundada mostrou que havia uma relação problemática entre filho e mãe (na verdade madrasta). E sabendo da mania do pai de apontar a arma cada vez que discutiam, o filho resolveu carregá-la na esperança de um disparo real, o que realmente acabou acontecendo.

O caso agora apontava para um homicídio de Ronald Opus, pelo filho do casal. Só que…  Ronald Opus, o suicida, era o filho do casal!

Uma espiral depressiva originada pelos conflitos com a madrasta haviam levado o jovem a saltar do décimo andar do prédio onde morava, no dia 23 de março, para ser atingido pela própria bala que havia carregado na arma do crime.

O caso foi fechado pelo legista como suicídio.”

Quais são as chances de uma bala disparar no mesmo momento e acertar exatamente a cabeça de um corpo que estiver caindo? Uma em um bilhão?
 
Só que não! Essa história nunca aconteceu!
 
A incrível morte do Sr. Ronald Opus por assassinato-suicídio é apenas um pequeno exercício de lógica criado para os estudiosos de leis que se espalhou pela rede desde 1994 (em inglês). O Sr. Ronald Opus nunca existiu. 
A única coisa real nessa lenda é somente o fato dela ter saído da cabeça do Dr. Harper.  Ele queria, com isso, mostrar que ao alterar-se pequenas circunstâncias, mudam-se as completamente as consequências legais. O que ocorreu é que os jornais da época divulgaram erroneamente o discurso como se fosse um fato real, e a história vem se espalhando desde então.

Segundo o próprio Dr. Harper, alguém copiou esse texto e jogou na internet em 1994. Passados dois anos ele já havia recebido mais de 400 telefonemas de professores e estudantes de leis, perguntando sobre a questão e diversos autores pedindo autorização para incluir esse texto em seus livros.

 
Tudo bem que a lenda urbana foi desmentida, mas que a história é bizarra, isso é!

 

 

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