Eu nunca tinha ouvido falar disso, até que Clene Salles (https://www.facebook.com/Clene.Salles) me alertou.
E se você também não conhece o que as autoridades americanas chamam de “dermopatia não explicada”, vou tentar explicar. Esta doença ou síndrome está sendo considerada a mais complexa dos últimos tempos. E muitos especialistas a consideram um caso de “parasitose ilusória”, que é um distúrbio psiquiátrico.
Não faz muito tempo, em 2002, a bióloga americana Mary Leitão tirou um fio muito fino de um abcesso no lábio de seu filho, que lembrava a penugem da flor dente-de-leão. Em breve, pequenas feridas começaram a aparecer em todo o corpo do menino e nelas encontraram estranhos fios brancos, negros e vermelhos. O menino queixou-se à mãe, dizendo que “debaixo de sua pele rastejavam besouros”. A mãe consultou oito médicos, tentando entender o que realmente ocorria com seu filho, mas não recebeu nenhuma resposta convincente. Todos os médicos disseram que o menino era saudável e as “linhas estranhas”, que saíam de seu corpo eram apenas fios da roupa, que colaram nas feridas.
Mary decidiu começar uma investigação por conta própria e, depois de estudar ao microscópio os “fios” das feridas de seu filho, chegou à conclusão de que eles não eram fios sintéticos da roupa, da roupa de cama ou de brinquedos de pelúcia que teriam encostado na pele do menino. Buscando informação na Internet, ela soube que não apenas seu filho estava com essa terrível doença, que os médicos se recusavam a reconhecer, mas muitas outras pessoas. Então ela criou com o marido uma organização de pesquisa dessa doença, a que deram o nome de doença de Morgellons, porque no livro “A Letter to a Friend” de Sir Thomas Browne, de 1690, havia uma descrição dessa doença (ele chamava de morgellons os pelos grosseiros que cresciam nas costas de crianças em Languedoc, sul da França. Não há indícios que esses casos tenham relação com os casos atuais)
O dermatologista Alexander Tsvetkevich, da Rússia, contou sobre a aparência das pessoas que sofrem desse mal e quais os principais sintomas da doença:
“Em minha prática houve apenas dois pacientes com semelhantes “doença”. Ambos tinham a pele inchada nos locais das feridas. Entretanto eu relaciono isto em primeiro lugar com intensos arranhões da pele, pois sentiam uma coceira incessante. Com o exame visual não foi encontrado nenhum fio, de que os pacientes se queixavam. Nós realizamos análises clínicas mas também não encontramos parasitas. Eu acho que é um problema inventado. A coceira pode surgir em virtude de estresse nervoso, problemas no trabalho. E o que as pessoas aqui fazem quando adoecem? Elas, infelizmente, não vão ao médico, mas pedem ajuda na Internet, em virtude da falta de tempo. Caem em algum fórum onde especialistas duvidosos ou pessoas comuns lhes dão conselhos, como melhor se curar, sem ter nenhuma ideia do caráter da doença, não tendo a possibilidade de realizar um exame visual. Forma-se um círculo vicioso. As pessoas, tendo lido nos fóruns essas histórias terríveis , fazem elas próprias os diagnósticos e depois acreditam tanto neles, que nenhum médico pode mais convencê-las de que são saudáveis. Eu considero que a doença de Morgellons é uma doença psíquica, em primeiro lugar. E os “doentes” são pacientes não de clínicos gerais e dermatologistas, mas de psiquiatras”.
Os especialistas que compartilham da mesma opinião, especialmente os psiquiatras, tratam do problema com medicamentos psicotrópicos. Já outros médicos receitam antibióticos e medicamentos contra parasitas, além de ervas e dietas especiais.
Médicos e psiquiatras consideram que os fios, (às vezes eles aparecem em exame) têm origem externa, isto é, simplesmente aderem nas feridas da pele. Mas existem aqueles que acreditam numa conspiração silenciosa, que os governos liberaram uma caixa de Pandora com as pesquisas químicas, fisiológicas e que acabaram perdendo o controle.
Os que compartilham dessa tese afirmam que o aumento do número de casos de doentes coincide com a expansão dos alimentos transgênicos, e como as pesquisas sobre a origem da doença – e sua eventual cura – ainda não resultou em nada, essa teoria ganha cada vez mais adeptos.
O ponto onde eles mais se prendem é que as chamadas “agrobactérias” são muito promíscuas na aquisição de ácidos nucleicos e estão presentes em todos os solos do mundo, então é provável que tenham incorporado genes de virulência para humanos, por exemplo, dos “promotores virais” usados na montagem de transgêneros e seus mutantes, que continuamente se desprendem dos milhões de toneladas de resíduos transgênicos que se decompõem pelos campos cultivados, espalhando-se pelo ambiente. Isso, sendo verdade, deveria preocupar os pesquisadores pelo poder de aumentar o aparecimento do Morgellons.
Os sintomas identificados até hoje são:
- Lesões de pele, acompanhadas frequentemente de dor e de prurido intenso
- Fibras nas lesões – que podem ser brancas, azuis, vermelhas ou pretas
- Sensações de rastejamento sob a pele, comparada frequentemente aos insetos que movem-se, picando ou mordendo
- Dor nas juntas e nos músculos
- Fadiga significativa que interfere nas atividades diárias
- Inabilidade de concentrar-se e dificuldade com memória a curto prazo
- Mudanças de comportamento
Outros sinais e sintomas podem incluir:
- Mudanças na visão
- Dor de estômago ou outros sintomas gastrintestinais
- Mudanças na textura e na cor da pele
Seja como for, a quantidade de “falsos doentes” que aparece a cada dia causa uma certa dúvida… Será possível que milhões de pessoas não possam distinguir fios comuns de roupa de fios que saem de feridas e úlceras ? E se essas pessoas não estão todas mentindo, então por é que os médicos atribuem tudo a doenças psíquicas ou alucinações?
Só sei se uma coisa: se um dia eu acordar com uma coceira pelo corpo, irei ao médico. De repente, é apenas estresse, não é?
Fontes:
Bohart Museum of Entomology
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