A avenida Paulista, em São Paulo, sempre foi um ponto de referência na cidade, desde a sua inauguração, em 1891(aquarela abaixo). Como toda a cidade, ela passou por profundas transformações ao longo desse século e hoje é um dos símbolos da metrópole.
A avenida foi criada a partir do desejo de paulistas em expandir novas áreas residenciais que não estivessem localizadas imediatamente próximas às mais movimentadas do período, já então altamente valorizadas e totalmente ocupadas, tais como a Praça da República, o bairro de Higienópolis e os Campos Elísios. Naquela época, houve grande expansão imobiliária em terrenos de antigas fazendas e áreas desocupadas, o que deu início a um período de grande crescimento. Não havia apenas residências de maior porte, mas também habitações populares, casebres e até mesmo cocheiras em toda a região circundante.
Joaquim Eugênio de Lima (1845-1902), uruguaio, associou-se a João Borges de Figueiredo e João Augusto Garcia e iniciaram a compra de terrenos no espigão entre os rios Tietê e Pinheiros. Em 1890 adquiriram na rua Real Grandeza (depois avenida Paulista) dois terrenos de José Coelho Pamplona e de sua mulher Maria Vieira Paim Pamplona e no mesmo ano mais dois lotes de Mariano Antonio Vieira e de sua mulher Maria Izabel Paim Vieira. Depois adquiriram a Chácara Bela Cintra de Cândido de Morais Bueno. Toda a região servia na época de passagem de boiadas a caminho do matadouro. A avenida tinha cerca de três quilômetros de comprimento e trinta metros de largura e era dividida em três faixas: uma para bondes, a do centro para carruagens e a outra para cavaleiros, todas ladeadas por magnólias e plátanos.
Nesta foto, de 1902, a avenida já está totalmente ocupada pelos casarões. Alguns anos depois, uma fileira de árvores seria derrubada para se aumentar as calçadas, consideradas estreitas demais.
Em 1928, a Paulista já recebia tráfego intenso de automóveis, e era palco não do tipo de manifestações como as atuais, mas de outro gênero: no carnaval, se fazia o corso. A brincadeira consistia no desfile de carruagens enfeitadas (nesta altura, já de automóveis) que desfilavam com os foliões, ou outros passageiros que queriam apenas passear de carro, pelas principais avenidas da cidade.
A Paulista era uma das vias mais modernas de São Paulo. Foi a primeira a ser asfaltada, com material importado da Alemanha e que era uma novidade na época, além de ter uma das primeiras linhas de bondes elétricos.
Foi a partir da década de 1960 que ela foi abandonando gradualmente sua característica de ser estritamente residencial e seus casarões foram sendo demolidos, para dar lugar aos edifícios e prédios comerciais.
Os casarões começaram a desaparecer.
Terreno aberto com a demolição de casarões para a construção do Conjunto Nacional.
Foi inaugurado em 1962.
Obras do “buraco” da Paulista com a Rua da Consolação, em 1971. O belo casarão à direita da foto também foi demolido.
E agora, nas fotos seguintes, um testemunho visual das transformações de São Paulo, como era e como ficou. Fotos impressionantes que atestam a pujança da cidade, mas também seu crescimento desordenado e que não preserva a sua história.
Vista área de São Paulo, da década de 1930, onde se vê à direita, embaixo, o edifício Martinelli, o primeiro arranha-céu da cidade.
Vista aérea de 1978, com o importante ponto de referência que se tornou o prédio do MASP.
A avenida Paulista, hoje. Quando não há manifestações…
Deixe um comentário