Concerto para Máquina de Escrever

Jerry Lewis, hoje com 87 anos, foi talvez o rei das pantomimas, um dos ramos da comédia ocidental (vaudeville, burlesco, etc. são outros ramos). Pantomima é aquele humor gestual, com poucas palavras – ou nenhuma – que era a base das comédias nos filmes mudos de Charles Chaplin, Buster Keaton e Harold Lloyd. Atualmente, acredito que Jim Carey é o herdeiro desse gênero, inspirado por… Jerry Lewis! Jerry estrelou, escreveu e/ou dirigiu mais de 40 filmes, com e sem o parceiro Dean Martin.

Um dos filmes mais conhecidos e bem-sucedidos, “O Professor Aloprado”, de 1963, foi refilmado anos depois, com Eddie Murphy no papel central.  No ano de 1963, Jerry Lewis estava no auge da carreira e estrelou outra comédia de sucesso, “Errado Pra Cachorro”.

       

No filme, Phoebe Tuttle (Agnes Moorehead) é dona de uma grande loja de departamentos que não aprova o namoro de sua filha, Barbara Tuttle (Jill St. John, que 10 anos depois estrelou “Os Diamantes são Eternos”, a última vez que Sean Connery fez o papel de 007), com um rapaz pobre chamado Norman Phiffier (Jerry Lewis). Phoebe, então, decide contratar o rapaz para trabalhar na loja, dando-lhe tarefas complicadas para poder humilhá-lo e também mostrar à filha que tipo de sujeito ele é, um desmiolado.

      

Uma das cenas mais conhecidas dessa comédia é aquela em que Jerry toca numa imaginária máquina de escrever, fazendo coincidir cada gesto a cada nota e cada som. As novas gerações talvez não entendam muito bem o significado dessa “gag”, uma vez que não tiveram contato com as máquinas de escrever, e nem conhecem os sons tão característicos no teclar, no fim de página e no virar da mesma. Mas certamente vão apreciar o trabalho de mímica, em que Jerry Lewis não falha uma única nota. Um show da arte expressiva desse ator, revelada em menos de dois minutos.

O curioso é que sempre achei que a música que Jerry “interpreta” tivesse sido composta especialmente para a cena, e que seus toques na máquina de escrever invisível fossem invenção dele. Engano meu.

Ela foi composta em 1950 pelo compositor americano Leroy Anderson, que se especializou em  música clássica ligeira – aquela facção pop da música de concerto caracterizada por ritmos cativantes e melodias fáceis de digerir. O mais incrível é que ela pode ser “tocada” com uma máquina de escrever, mas real. O clipe abaixo comprova isso, gravado durante o concerto apresentado em  12 de junho de 2011 no Auditório Nacional de Madrid pelo projeto “Vocês para a Paz” (Músicos Solidários). Regência: Miguel Roa. Solista: Alfredo Anaya.

Reparou que o solista imita os trejeitos de Lewis no filme? Geniais, o solista e o mestre do humor.

Dica do concerto por Eliseu Petrone.

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