Existem alguns exemplos que bem que podíamos aproveitar para copiar. O Minhocão é um deles.
O de São Paulo foi idealizado pelo prefeito Faria Lima durante seu governo (1965-1969) para desafogar o trânsito no centro da cidade, e foi engavetado devido à reação negativa da população local e dos técnicos. Desengavetado por Paulo Maluf, virou realidade quando após 11 meses de obras o “Minhocão” engoliu o espaço da Praça Roosevelt, na Consolação, até o Largo Padre Péricles, em Perdizes, passando sobre a Rua Amaral Gurgel, a Avenida São João e a sua continuação, a Avenida General Olímpio da Silveira. Passando a cinco metros dos prédios de apartamentos, o elevado tem 3,4 quilômetros e liga a região central à zona oeste da cidade. Recebeu diversas críticas, sendo chamado de “cenário com arquitetura cruel” e “uma aberração arquitetônica”. Ainda hoje não é bem visto pela população da região, devido à desvalorização de seus imóveis e à deterioração do local.
O Minhocão de Nova York, chamado de High Line, foi ‘reciclado’ em um antigo trilho de trem (da década de 30) em New York. A linha original do trem tem aproximadamente 3,2 km – mesmo tamanho do nosso Minhocão – e passa por 30 quadras e no interior de dois edifícios. Essa linha de trem foi abandonada totalmente em 1980 e a prefeitura decidiu reurbanizar o espaço. As empresas contratadas para o trabalho tinham como meta quatro objetivos: manter o local simples, silencioso, com aspecto selvagem e voltado para a contemplação.
Aparentemente, eles conseguiram: o Minhocão tem uma vista ampla para o rio Hudson e para a linha dos prédios da cidade e é um local agradável e tranquilo, pois sua estrutura é suspensa e não recebe os ruídos do tráfego e da correria diária de Manhattan.O parque é revestido com deck de madeira alternado com paisagismo, dando um aspecto mais ‘selvagem’ para o local.
A primeira parte já gerou investimentos privados de US$ 2 bilhões nos seus arredores, de acordo com o ex-prefeito de Nova York, Michael Bloomberg. O resultado é que os imóveis da região estão subindo de preço, em um momento em que o setor imobiliário americano continua atravessando grave crise –os preços das casas nos Estados Unidos, por exemplo, estão no menor patamar desde 2002, ou seja, antes de a bolha do setor estourar.O High Line, que corta os bairros de Chelsea e Meatpacking District, agora atrai não só turistas (foram 2 milhões de visitantes no ano passado) como também hotéis, lojas, restaurantes e galerias de arte. Os preços dos apartamentos em um dos prédios que ficam perto dobraram desde a sua inauguração.
Segundo o ex-prefeito nova-iorquino, a chegada dos investimentos à região mais que compensou o aporte de US$ 115 milhões feito pela prefeitura — a iniciativa privada entrou com mais cerca de um terço desse montante.
Mas, mesmo com a chegada de novos negócios, alguns moradores não estão satisfeitos. Para eles, o excesso de turistas fez com que o bairro perdesse o antigo senso de comunidade. A verdade é que o “minhocão” nova-iorquino meio que virou, além de uma atração turística, um espaço para exibições de arte (nas fotos de Ricardo Freire):
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