E o futuro…

Para os amantes de filmes e séries, o assunto do momento (9 de dezembro de 2025) é a briga pelo controle da Warner Bros., um estúdio de cinema de Hollywood com mais de 100 anos!
O acervo dessa companhia é dos mais valiosos da indústria. Vai de Harry Potter a Senhor dos Anéis, passando por séries como Game of Thrones e Friends, e chega até os quadrinhos da DC Comics, Superman e Batman, entre tantos.
Hoje, a situação continua uma acirrada disputa, com a Netflix já tendo um acordo e a Paramount lançando uma oferta pesada diretamente aos acionistas, para quebrar esse acordo. O Donald Trump expressou publicamente preocupações com o monopólio e indicou que participará da decisão regulatória, negando, no entanto, favoritismo a qualquer uma das empresas. Mas a gente sabe que ele é amigo do CEO da Paramount, David Ellison, e de seu pai, Larry…

O Acordo da Netflix com a Warner Bros. Discovery
O acordo é para comprar os estúdios de cinema e TV da Warner Bros., o serviço de streaming HBO Max e outras propriedades por aproximadamente US$ 83 bilhões (incluindo as dívidas de US$ 11 bi). O acordo criaria um gigante do streaming com um catálogo de conteúdo gigante, combinando as franquias da Netflix com as da WBD, como Harry Potter, DC Comics e HBO. A conclusão da transação está sujeita a aprovações regulatórias e de acionistas e é esperada apenas para o final de 2026.
A contraproposta da Paramount
A oferta foi para comprar toda a Warner Bros. Discovery por cerca de US$ 108,4 bilhões. A oferta da Paramount é financiada, em parte, por fundos da Arábia Saudita, Qatar e Abu Dhabi, além da empresa de investimentos de Jared Kushner, genro de Donald Trump (taí o interesse do cara, entendeu?). Isso engloba, além dos estúdios de TV e cinema, os videogames, canais de TV a cabo, rede de TV aberta e por aí vai… justamente onde está a maior parte da dívida de US$ 11 bi…
O pulo do gato da Netflix
Não sei o quanto os executivos da Paramount estão preocupados com o futuro do entretenimento com o avanço das IA, mas a Netflix está.
A preocupação com o avanço tecnológico em IA, especificamente com relação aos chips TPU (Tensor Processing Units) do Google, é apontada por analistas de Wall Street como um fator chave e uma das principais razões estratégicas por trás da oferta de aquisição da Warner Bros.

A Lógica da Estratégia de IA da Netflix
A ideia é a seguinte:
- Corpus de Vídeo* como Vantagem Competitiva: esses analistas sugerem que o futuro do entretenimento será dominado por quem controla o “corpus de vídeo premium em grande escala” – em outras palavras, uma vasta biblioteca de filmes e séries de alta qualidade que será usada para treinar os modelos de IA generativa de próxima geração. Ora, comprando a biblioteca gigante da Warner Bros., a Netflix construiria um “fosso” em torno do seu castelo, garantindo acesso exclusivo a um volume incrível de conteúdo para alimentar seus próprios sistemas de IA no futuro.
- A Ameaça dos chips TPUs do Google: Os chips TPU do Google são processadores muito especializados e eficientes, projetados especificamente para executar tarefas de machine learning e IA, incluindo geração de conteúdo de mídia. O Google já usa esses chips internamente e os oferece a clientes selecionados em sua nuvem (não me lembro qual agência norte-americana que já usa esses chips para criar anúncios, e há diretores de cinema que também estão usando esse superchip para avaliar sua eficiência e qualidade). A preocupação da Netflix é que o Google, ou outras empresas, possam gerar conteúdo de alta qualidade em escala e a um custo muito mais baixo no futuro, alterando o modelo de produção tradicional de Hollywood.
- Controle da Produção Integrada: A capacidade de produzir conteúdo mais rapidamente, de forma mais barata e talvez até personalizada para o espectador, usando IA, está ali no horizonte. A Netflix já utiliza ferramentas de IA de startups, como a Runway AI, em suas produções para efeitos visuais e redução de custos, mas adquirir a WBD permitiria um controle ainda maior sobre todo o processo de criação de conteúdo, integrando a tecnologia de IA em larga escala.
- Sobrevivência na Era da IA: A aquisição não seria apenas sobre escala ou competir com Disney+, mas sim sobre a sobrevivência a longo prazo em um futuro onde a IA pode tornar a oferta de conteúdo quase infinita. Manter a relevância cultural e o controle sobre propriedades intelectuais valiosas, coisa que a Netflix não tem – lembramos apenas de Round 6, Stranger Things, e o que mais? – torna-se vital quando a tecnologia pode mudar tudo muito em breve.
Qual a sua opinião sobre isso? Deixe nos comentários!

*Aqueles que estudaram latim na escola sabem que “corpus” significa corpo. Porém, no contexto da IA, o termo não se refere a um corpo físico, mas sim a uma coleção de dados usados para treinar uma inteligência artificial. É o material que a IA analisa para se tornar inteligente naquilo para o qual foi projetada.
Por exemplo, para que gere uma imagem de uma cachoeira, seu corpus precisa incluir imagens e descrições que classificam uma queda d’água como “cachoeira”. Por isso, para criar muitas imagens ou vídeos diferentes e de qualidade, o corpus de vídeo tem que ser parrudo e de muito valor.

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