Escritora pode ser presa por vender ouro de navio afundado

Published by

on

Seu próximo livro pode ser sobre sua vida na prisão

A escritora americana Eleonor Courter, que assina seus livros como “Gay Courter”, gosta de criar romances envolvendo o mar. Um de seus livros narra um suspense marítimo. Outro, os tormentos que acometeram os passageiros de um navio de cruzeiro durante a pandemia da covid.

Agora, seu próximo livro poderá ser sua própria biografia, sem que isso fuja do tema que ela tanto aprecia. É que Gay Courter está envolvida em uma história real que parece saída da imaginação de um escritor: a receptação e tentativa de venda de barras de ouro extraídas ilegalmente de um naufrágio histórico do século 18.

Por esses crimes, ela será julgada em breve, na França, e se condenada, poderá ir para a prisão, apesar dos seus 80 anos de idade – detalhe que talvez nem o mais criativo romancista pensasse em incorporar ao seu personagem: o da velhinha ladra.

Como todo bom romance, a história que liga a escritora americana ao suposto crime de venda das barras de ouro saqueadas é bem intrincada.

Tudo teria começado 50 anos atrás, quando um aventureiro encontrou os restos de um velho barco afundado, o veleiro francês Le Prince de Conty, e dele retirou barras de ouro, sem revelar o achado ao governo da França, como obrigam as leis francesas de exploração de naufrágios.

Em seguida, o tal aventureiro, o fotógrafo e mergulhador francês Yves Gladu, hoje com 77 anos, teria vendido a maior parte do ouro a um milionário suíço, mas reservado algumas barras para vendê-las – em condições bem mais lucrativas – a instituições, colecionadores e investidores de outros países, especialmente os Estados Unidos.

Mas, como Gladu não tinha contatos em outros mercados, ele teria recorrido ao seu cunhado, o também francês Gérard Pesty, para prospectar interessados estrangeiros e intermediar o negócio.

Gérard, já falecido, teria vendido sigilosamente três daquelas barras ao até então conceituado Museu Britânico (que hoje está em apuros tentando explicar como comprou as barras de ouro sem checar a sua procedência), e pedido à sua esposa, Annette May Pesty, para tentar explorar o rico mercado americano através de uma velha amiga dela, que morava nos Estados Unidos.

E é aqui que entra a Gay Courter.

A escritora e seu marido, que vivem na Flórida

Juntamente com seu marido, Philip Courter, atualmente com 82 anos, a escritora teria tentado vender cinco daquelas barras de ouro pelo EBay, em 2018, mas isso chamou a atenção do Departamento de Arqueologia Subaquática da França, que já vinha rastreando as conexões do aventureiro, que tinha por hábito passar férias com os casais Pesty e Courter.

O órgão avisou as autoridades americanas, que confiscaram as barras de ouro antes que fossem leiloadas, e as devolveram à França, já que elas faziam parte de um naufrágio ocorrido em águas francesas.

Quatro anos depois, em 2022, o mergulhador francês Yves Gladu foi julgado e preso na França, acusado de saque de artefatos históricos, e confessou ter retirado mais 16 barras de ouro do Le Prince de Conty.

No mesmo ano, o casal Gay e Philip Courter foi detido tentando sair da Inglaterra com 23 barras de ouro, que seriam levadas para os Estados Unidos.

Eles foram soltos logo depois, mediante pagamento de fiança.

Mas, agora, ambos podem voltar à cadeia, juntamente com a amiga Annette May Pesty, de 78 anos, porque um promotor francês pediu a prisão de todos os envolvidos no saque de artefatos históricos.

O Le Prince de Conty era um veleiro mercante da Companhia Francesa das Índias Orientais, que afundou na costa da Bretanha, em 1746, quando retornava de uma viagem à Ásia, repleto de barras de ouro e outras preciosidades.

Em 1974, ele foi achado e saqueado, dando início à novela que se arrasta até hoje, agora envolvendo até um tribunal francês, que quer julgar todos os envolvidos, inclusive a escritora americana e seu marido, por lavagem de dinheiro, crime organizado e tráfico de bens culturais da França.

Fontes:

Wikipedia

Jorge de Souza,uol.com.br

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.