Os ditados populares fazem parte da nossa tradição oral há séculos. Passados de geração em geração, esses ditados são cheios de sabedoria, ironia e até críticas sociais divertidas. Mas, como toda tradição oral, eles sofreram alterações com o tempo, o que gerou versões distorcidas, engraçadas e algumas até sem sentido.
Confira alguns deles e sua origem:
1. Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão
Essa acho que muita gente sabe sua versão correta. Aliás, a versão correta e completa dessa tradicional rima infantil é assim:
“Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão. Menininha quando dorme, põe a mão no coração”.
A versão popularizada “esparrama pelo chão” é um erro comum, já que as batatas não se espalham, mas sim, as ramas ou brotos que nascem delas é que se espalham pelo chão.

2.Cor de burro quando foge
A origem da expressão é incerta, mas uma teoria muito popular sugere que ela deriva da frase “corro de burro quando foge“, que descreveria alguém correndo para evitar um burro desgovernado… Seja como for, embora seja uma crença popular que o burro muda de cor quando foge, isso não é verdade. Os burros podem ter diversas cores, mas não mudam de cor ao correr.

3.Hoje é domingo, pé de cachimbo
Outra rima infantil tradicional que se modificou com o tempo. Quando eu era criança, sempre tive curiosidade de ver um pé de cachimbo… “Hoje é domingo, pede cachimbo” seria a versão original, porque fumar cachimbo, para quem tinha esse hábito, era associado ao relaxamento e ao descanso, características do domingo.

4.Quem não tem cão, caça com gato
O ditado popular “quem não tem cão, caça com gato” significa que se você não tem o recurso adequado para realizar uma tarefa, terá que improvisar com o que tiver à mão. É a capacidade de adaptação e de encontrar soluções alternativas diante de limitações.
Há quem diga que a versão correta seria “quem não tem cão, caça como gato”, remetendo à astúcia e à maneira solitária como os gatos caçam, mas a versão mais comum enfatiza a ideia de usar o que se tem à mão para alcançar o objetivo.

5.Quem pariu Mateus que balance
Minha tia costumava falar isso, e eu nunca soube quem era esse Mateus, que ninguém queria balançar… na verdade, o ditado correto é “Quem pariu os maus teus, que balance”, ou seja, sugere que os problemas devem ser resolvidos por aqueles que os criaram. O que faz mais sentido do que culpar a coitada da mãe do Mateus, que não tem nada a ver com a história. A confusão ocorre porque “maus teus” soa como “Mateus”.

6.Enfiou o pé na jaca
Não é nenhum segredo, enfiar o pé na jaca quer dizer tomar um porre. Quem nunca? Eu acredito que alguém, em algum lugar, já enfiou o pé na fruta quando estava de pileque. Mas ela, assim como a mãe do Mateus, não nada a ver com a expressão.
A frase original era ‘‘enfiar o pé no jacá”, com acento. “Jacá” vem do tupi “aya’ka” e era um cesto feito de bambu, ou cipó. Ele era usado preso no lombo dos burros de carga no Brasil colonial, entre os séculos 17 e 18.
Em suas viagens, quando os tropeiros paravam em bodegas de beira de estrada, muitas vezes exageravam na bebida. Na hora de subir de volta no burrico, quem saía trançando as pernas podia enfiar o pé na jaca, quero dizer, o pé no jacá!

7. Quebrar o galho
Quando alguém nos ajuda a resolver um problema, dizemos que essa pessoa nos “quebrou um galho”. Existem duas versões diferentes para explicar a origem desse regionalismo tão usado no Brasil. Um dos significados da palavra galho é “conjunto de riachos que se reúnem para formar um rio”. Assim, para os viajantes de antigamente, “quebrar um galho” significava abrir um caminho em um afluente de rio para desembocar de forma mais rápida no rio principal.
A outra versão, relacionada à religião afro-brasileira, sugere que a expressão pode ter surgido a partir da figura de Exu, uma entidade espiritual que, entre outras funções, atua na resolução de problemas e facilita caminhos. Um tipo de Exu, chamado “Exu Quebra Galho”, seria o responsável por abrir caminhos e resolver situações difíceis, especialmente nas matas.

E você, conhece a origem de alguma outra expressão popular?
Fontes:
Várias rsrs

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