A misteriosa “Porta do Inferno”

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Poço Superprofundo de Kola, na Rússia, é famoso por ser o buraco artificial mais profundo já cavado, daí o apelido de “Porta do Inferno”, um feito da engenharia soviética. Mas por que este ambicioso projeto científico foi interrompido e o local abandonado?

A resposta é a soma de uma combinação de desafios técnicos extremos e  profundas mudanças geopolíticas.

O Poço Superprofundo de Kola está cercado de ruínas abandonadas, mas já foi um centro de pesquisas movimentado da antiga União Soviética.

Lançado em 1970, durante a Guerra Fria, o Poço Superprofundo foi um projeto iniciado como uma resposta ao Projeto Mohole dos Estados Unidos. Ambos os projetos tinham como objetivo alcançar a fronteira entre a crosta e o manto terrestre, mas foi o Poço de Kola que tornou-se o mais profundo já perfurado pelo homem, atingindo 12.262 metros. 

A corrida para o centro da Terra, menos conhecida que a corrida espacial, foi uma disputa tecnológica entre as duas superpotências da época, buscando demonstrar poder e avançar na ciência e tecnologia. 

Ao longo de duas décadas, a perfuração principal atingiu aquela marca recorde. Durante a escavação, os cientistas fizeram descobertas surpreendentes, como a presença inesperada de água líquida em grandes profundidades, fósseis microscópicos com 2 bilhões de anos e uma composição rochosa diferente da prevista pelos modelos geológicos da época.

No entanto, o projeto enfrentou um obstáculo intransponível: o calor. Relatos da época apontam que as temperaturas no fundo do poço alcançaram cerca de 180°C, quase o dobro do esperado.

Esse calor intenso danificava os equipamentos de perfuração, tornando a continuação dos trabalhos extremamente difícil e cara. O golpe final veio com o colapso da União Soviética, em 1991, que levou ao corte drástico do financiamento estatal.

Sem recursos e diante de barreiras técnicas dificilmente superáveis, a perfuração foi oficialmente interrompida por volta de 1992.

Tampa do Poço Superprofundo de Kola foi limpada por voluntários no verão russo de 2022. A tampa serve como proteção e segurança, evitando que pessoas ou animais caiam no buraco.   • Alexander Novikov/Creative Commons

Veja abaixo um comparativo muito interessante:

  1. Monte Everest – É a montanha mais alta do mundo, com 8,9 km de altura. Se a colocássemos ao nível do mar, ela seria como empilhar 11 Burj Khalifas (o maior prédio do mundo).
  2. Burj Khalifa – É o prédio mais alto já construído, com 0,8 km. Parece pequeno perto do Everest!
  3. A mina mais profunda do mundo – é a mina de ouro de Mponeng, localizada na África do Sul. Vai até 3,9 km abaixo do solo. É como cavar metade da altura do Everest para baixo da terra.
  4. Kola Superdeep Borehole (Rússia) – o tal buraco mais profundo já perfurado pelo ser humano, com 12,3 km. Mas ainda assim, é só uma “casquinha” da Terra.
  5. Fossa das Marianas – O ponto mais profundo do oceano, com 10,9 km abaixo do nível do mar. Se colocássemos o Everest dentro da fossa, ele ainda ficaria submerso!
  6. O Titanic – Afundou a 3,8 km de profundidade, o que é menos da metade da Fossa das Marianas.
  7. O asteroide que matou os dinossauros – Teria cerca de 10 km de diâmetro, ou seja, quase do tamanho da profundidade da Fossa das Marianas! Imagine algo assim caindo na Terra…


Mesmo com toda essa exploração, o ser humano ainda mal arranhou a superfície do nosso planeta. A crosta da Terra tem em média 30 km de espessura nos continentes — e ninguém chegou nem perto disso!

Para você ter uma ideia visual… se nosso planeta fosse uma maçã, a crosta teria a espessura de sua casca!

Fontes

realidadesimulada.com

cnnbrasil.com.br

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