
Você já deve ter visto uma placa com a frase “Proibido jogar papel no vaso” em algum banheiro público brasileiro. Isso porque jogar papel higiênico na privada não é um costume no Brasil, ainda que seja comum em outros países.

Temos o costume de jogar papel higiênico no cesto de lixo, e não no vaso sanitário, devido ao risco de entupimento nas tubulações de esgoto, especialmente em casas com sistemas de esgoto mais antigos ou estreitos. No entanto, a causa mais comum de entupimento é o descarte irregular de lixo.
O que aconteceria se jogássemos no vaso
Menos plástico
Pensando em um cenário ideal, em que a rede de esgoto nas residências fosse preparada para receber o papel, a matéria-prima do papel higiênico não ofereceria riscos ambientais ou ao tratamento de esgoto e ainda traria a vantagem de reduzir a quantidade do grande vilão nos aterros sanitários: o saco plástico – as sacolas plásticas podem levar até mil anos para se decompor.
Menor risco de contaminação biológica
O lixo do banheiro muitas vezes tem substâncias como sangue, fezes, urina e secreções de ferimentos. Assim, pode haver riscos de contaminação biológica, em especial se esses sacos de lixo forem visitados por animais enquanto aguardam a coleta nas lixeiras públicas. Os catadores, que por vezes buscam recicláveis em lixeiras sem coleta seletiva, também podem ficar em risco. Então, o descarte no vaso ganha disparado.
Mais praticidade
Com menor tempo de permanência na residência, o papel higiênico sujo tem menos chances de contaminar moradores da mesma casa (caso alguém tenha alguma doença contagiosa), além de evitar o manuseio de resíduos biológicos.
Fácil tratamento
O papel higiênico é feito de fibra de celulose, que é naturalmente biodegradável. Lançado na água, esse tipo de papel se desmancha em pequenas partículas de fibras. Apesar de não se dissolver, esses resíduos são retidos normalmente em uma das etapas do tratamento de esgoto, não oferecendo problemas no processo.
Jogar no lixo
Falta infraestrutura
Ainda falta infraestrutura nos projetos hidráulicos brasileiros, e seriam necessários diferentes tipos de tubulações nas casas e/ou usar trituradores sanitários. Em termos de estrutura, a pública não sofreria grande impacto, mas principalmente nas residências seria preciso o custeio pelos próprios moradores. Isso é inviável, levando em conta a renda média do brasileiro. O menor custo viria da divisão de tubulações de esgoto. Essa é uma medida tomada recentemente por algumas construtoras, mas não é uma regra.
Tratamento de esgoto precisaria crescer
A coleta de esgoto no Brasil não alcança 47% dos brasileiros. Dos 53% que são coletados, apenas 46% são tratados, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, do IBGE, de 2021. Portanto, o descarte pode nem ser uma opção possível por enquanto, uma vez que o saneamento não é completo e esses resíduos muitas vezes chegam aos rios, córregos e mares.
Ocasiona entupimentos
Quando o papel higiênico é lançado na rede de esgoto, o maior risco é entupir a rede domiciliar, e dificilmente conseguirá causar problemas na rede pública. No entanto, levando em conta outros resíduos descartados incorretamente, como lixos sólidos e gorduras, há a possibilidade que essas fibras do papel se agreguem nessas partículas e criem obstruções.
Maior gasto de água
Para dar descarga no papel higiênico no vaso sanitário, é preciso usar mais água potável, porque mesmo que ele se dilua no meio líquido, para passar pelo encanamento será preciso uma pressão maior e, por isso, provoca um gasto mais elevado.
Conclusão
Jogar o papel no vaso sanitário seria a opção mais sustentável, mas ainda é inviável no Brasil.
Fontes: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp); Mosefran Firmino, mestre em engenharia civil e ambiental pela Universidade Federal de Campina Grande, com experiência na área de Monitoramento de Inundações e Desastres Naturais, Projetos de Saneamento Básico e Instalação Predial Hidrossanitária; Luam Farina, engenheiro Ambiental pela Faculdades Oswaldo Cruz.

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