Simone, não, John Lennon, sim!

Não tenho nada contra a Simone, como cantora, mas essa versão dela “Então é Natal” pra música do John Lennon é chata demais.
Sempre achei um porre desde o lançamento, em 1995, e foi um sucesso enorme, tornando-se talvez a mais popular canção natalina no Brasil desde então, sendo repetida exaustivamente todos os anos, tendo inclusive sido regravada por um monte de outros artistas.
Muita gente, por causa dessa banalização, detesta essa música e surgiram diversos memes sobre ela:





Mas eu gosto dela, em sua versão original, lançada por John Lennon em 1971, “Happy Xmas (War Is Over)”, festejando o fim da Guerra do Vietnã. John a compôs como uma canção de protesto, mas acabou se tornando um dos temas natalinos mais conhecidos no mundo.
Ele e Yoko a gravaram com o coral infantil do Harlem, de Nova York, e sua letra ingênua tem tudo a ver com o espírito de Natal.
Se não a conhece, ouça aqui:
A melodia é daquelas que gruda na mente e você não esquece… Mas o que acabo de descobrir é que Lennon “chupou” essa melodia de outra música…
Ele nunca foi lá um músico virtuoso, mas sua habilidade para criar melodias e riffs sempre fizeram dele um gigante.
Só que, às vezes, ele chupava melodias de outros músicos na cara dura. Um dos casos mais conhecidos foi com “You Can’t Catch Me”, de Chuck Berry, que virou “Come Together”, um dos clássicos dos Beatles.
Compare a de Chuck Berry com a dos Beatles:
Você pode dizer “Mas não tem nada a ver…” Se você ouvir com cuidado, vai notar as semelhanças, inclusive num trecho da letra. O que aconteceu é que Paul McCartney contou numa entrevista que, quando John mostrou a música pra ele, Paul falou: “Cara! Mas isso é do Chuck Berry!” e sugeriu várias mudanças, incluindo a famosa linha de baixo, justamente pra que eles não fossem acusados de plágio.
Mas não adiantou muito, John Lennon foi processado e fez um acordo, gravando três músicas de Berry em um de seus álbuns solo.
No caso da música de Natal, isso não aconteceu, porque a melodia original vem de uma tradicional canção folclórica inglesa do século 18 que ficou muito popular nos Estados Unidos na década de 1930, gravada já em domínio público por Woodie Guthrie como “Stewball”. Anos depois, em 1963, o trio folk Peter, Paul e Mary a regravou com algumas modificações e a canção fez algum sucesso.
Ouça de novo a de John Lennon e, depois, a de Peter, Paul e Mary:
É possível que Lennon, morando há muitos anos em Nova York, tivesse ouvido essa gravação em algum momento e guardado a melodia na memória. Isso acontece muito com quem lida com os diferentes aspectos da arte.
Um escritor pode criar uma novo romance baseado numa ideia que ele acha ser dele, mas de repente pode ser de algum filme, desenho animado, livro que ele leu quando mais novo.
Um músico pode compor uma canção e, lá do fundo da mente, surge o trecho de uma melodia que ele ouviu muitos anos antes e ele o usa como se fosse original, nem percebendo na hora que aquilo teria tido outro autor.
O Paul McCartney, quando compôs “Yesterday”, passou por isso: ele foi mostrá-la para seus companheiros dos Beatles, para o produtor e arranjador George Martin, maestro de formação clássica e profundo conhecedor de música, perguntando se alguém conhecia aquela melodia. Durante um mês ele fez essa pesquisa, falando com muitas pessoas do mundo da música. Paul disse que sonhou com aqueles acordes e que tinha receio de ser a melodia que ele tivesse ouvido antes.
Somente após se certificar de que não havia cometido um plágio inconsciente, o músico partiu para o desafio de escrever a letra nostálgica da canção, durante uma viagem a Portugal. E ela se tornou a canção mais regravada da história da música popular, com mais de 2000 interpretações diferentes, segundo o Guinness World Records (Livro dos Recordes).
Enfim… Seja como for…
Então é Natal, e o que você fez?
O ano termina e nasce outra vez…
Fontes:
Silvio Osias, jornaldaparaiba.com.br
whiplash.net
culturalizabh.com.br
Wikipedia

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